
A transição energética de baixo carbono está dando lugar a um processo de transformação estrutural sobre os sistemas de produção e consumo de energia, sem precedentes desde a primeira revolução industrial, trazendo consigo diversas implicações de tipo técnico, econômico, social e político que, inevitavelmente, deverão contribuir na reconfiguração da geopolítica dos recursos naturais nos termos em que é entendida hoje.
Embora as rotas tecnológicas que dominarão essa transição ainda não tenham sido totalmente definidas, e, portanto, seja impossível predizer de forma concreta todos seus impactos geopolíticos, algumas tendências que estão sendo observadas no setor permitem discutir sobre mudanças que deverão se acelerar nos próximos anos. Nesse quesito, a difusão das novas fontes de energia renováveis associadas ao paradigma da eletrificação e as perspectivas positivas sobre o aumento na participação destas tecnologias nas matrizes de energia, abrem a porta para a realização de algumas estimativas.
Apesar de existirem visões otimistas sobre o impacto positivo da introdução das novas renováveis sobre a estabilidade do sistema internacional, a dinâmica das cadeias produtivas por detrás do desenvolvimento dessas opções tecnológicas levanta questões que impedem descartar a geração de novos fatores de tensão entre Estados. Entre essas questões, destaca-se a necessidade de refletir sobre o impacto que a aceleração na difusão dessas fontes de energia trará sobre a demanda por minerais críticos.
À diferença dos combustíveis fósseis, as novas renováveis são intensivas em recursos minerais. A modo de exemplo, a fabricação de carros elétricos demanda seis vezes mais insumos minerais do que carros convencionais. No âmbito das tecnologias de geração, a fabricação de uma usina eólica offshore requer nove vezes mais recursos minerais do que uma planta de geração a gás natural com a mesma capacidade de geração (IEA, 2021).
Continue lendo »