Grupo de Economia da Energia

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A integração truncada das termelétricas a gás natural no setor elétrico brasileiro

In energia elétrica, gás natural on 19/10/2015 at 00:36

Por Luciano Losekann

luciano102015Até a construção do gasoduto Bolívia-Brasil (GasBol), o gás natural era encarado como um combustível inadequado para a utilização em termelétricas no país, já que sua disponibilidade era limitada, devendo ser orientado para usos mais nobres, como industrial e insumo. Desde então, a difusão de termelétricas a gás natural no Brasil tem alternado fases de expansão e estagnação. Nesse artigo, são identificadas cinco fases. São características marcantes dessa trajetória as dificuldades de conciliar os níveis distintos de maturidade dos setores de eletricidade e gás natural e o papel da Petrobras como fornecedora de combustível e proprietária de termelétricas.

Fase 1 – Perspectivas frustradas – 1997 – 1999

No final dos anos 1990, a perspectiva dominante era de um rápido deslanche de termelétricas a gás no Brasil. A difusão da tecnologia de turbinas a gás em ciclo combinado propiciara ganhos significativos de eficiência e vários países experimentaram um boom de expansão. No Brasil, a liberalização da geração de eletricidade criou a expectativa de que as termelétricas a gás seriam a oportunidade para a entrada de empreendedores privados, já que o prazo de maturação de investimentos é mais curto que o de hidrelétricas. As termelétricas teriam o papel de ancorar o desenvolvimento do mercado de gás, o que era essencial para justificar a construção do GasBol. Continue lendo »

A integração truncada das Indústrias de Gás Natural e Eletricidade no Brasil

In energia elétrica, gás natural on 20/09/2010 at 00:15

Por Luciano Losekann

O movimento de convergência das indústrias de gás natural e de eletricidade caracterizou a indústria mundial de energia nos últimos 20 anos. Em países da OCDE, a utilização de gás natural para geração de eletricidade aumentou a uma taxa de 6% ao ano nesse período e sua participação na matriz de geração saltou de 9% para 23%. Atualmente, a participação do gás natural é superior a nuclear e apenas inferior a do carvão.

Alguns fatores explicam essa dinâmica: (i) a descoberta de reservas relevantes de gás natural e interconexão dos mercados mudaram a perspectiva, principalmente na Europa, do gás natural como produto com disponibilidade restrita e reservado para usos mais nobres; (ii) a difusão de turbinas em ciclo combinado tornou a geração de eletricidade a gás natural mais eficiente, aumentando sua competitividade frente a outras fontes; e (iii) a liberalização das indústrias reduziu as barreiras institucionais para entrantes.

Com certo atraso, o Brasil seguiu esse movimento, mas a difusão do gás natural em termelétricas experimentou vários percalços. A construção do gasoduto Brasil-Bolívia impulsionou o uso de gás natural no Brasil e a perspectiva no final dos anos 1990s era que as termelétricas iriam ancorar o desenvolvimento da indústria de gás natural no país. Continue lendo »