Grupo de Economia da Energia

Posts Tagged ‘mudança climática’

Transição Energética: O Conflito entre Segurança Energética e Mudança Climática

In energia elétrica on 13/09/2022 at 12:40

A transição energética traz um conflito básico entre os obetivos de garantir a segurança energética e enfrentar a mudança climática. O reconhecimento, a gestão e a redução desse conflito definem a evolução da transição no tempo e em cada país. A discussão sobre os desafios envolvidos na superação tecnológica e institucional desse conflito é o tema desse Curto-Circuito 16. O programa é apresentado por Ronaldo Bicalho, pesquisador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ.

O desempenho de mercados livres diante das mudanças climáticas – algumas lições do Texas

In energia elétrica on 06/04/2021 at 20:07

Clarice Ferraz

As mudanças climáticas impõem desafios à segurança de abastecimento dos sistemas elétricos a partir de duas importantes fontes de estresse que se reforçam. De um lado, os eventos climáticos extremos fazem disparar a demanda por recursos energéticos em busca de conforto para conter as altíssimas temperaturas das ondas de calor ou, ao contrário, para enfrentar as situações de frio extremo. Do outro, para agravar a pressão sobre a resiliência do sistema elétrico, esses mesmos eventos climáticos estressam a infraestrutura do sistema, aumentando o desafio de conseguir atender o aumento de demanda.

Os últimos importantes blackouts ocorridos em setores elétricos ao redor do mundo mostram o tamanho do desafio que é preciso enfrentar e as consequências advindas de quando se não está à altura. Como já destacado em postagens sobre a importância das redes para o sucesso da transição energética, a maioria dos graves blackouts ocorreu por falhas que afetaram a integridade do sistema. Recentemente, podemos somar ao menos 4 novos eventos de grande escala à lista – Califórnia, Amapá, Croácia e Texas, confirmando a necessidade de adaptar o sistema físico dos setores elétricos para garantir a segurança de abastecimento. Apesar da gravidade dos incidentes e da atenção (breve), que é dada às consequências imediatas da falta de abastecimento de eletricidade, pouco se discutem os impactos econômicos aos consumidores. Tal debate revelaria como tem se dado a repartição de riscos econômicos financeiros no setor e como o acesso à energia também tem sido colocado em xeque por fatores econômicos e sociais.

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Clima e cidades

In meio ambiente on 10/03/2020 at 12:09

Neste Podcast GEE Energia, Renato Queiroz e Carlos Eduardo Young discutem os impactos da mudança climática sobre as cidades.

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O GEE Energia pode ser acessado:

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Transição energética: lenta, gradual e irrestrita

In energia on 26/11/2018 at 10:56

Por Renato Queiroz

renato112018O Grupo de Economia da Energia (GEE) vem discutindo internamente, ao longo do presente ano, as transformações no setor energético – tanto no campo das inovações tecnológicas quanto no âmbito das estratégias empresariais e das políticas públicas, dentro do movimento mundial denominado, de Transição Energética. Essas transformações trazem uma riqueza nas agendas de pesquisa.

De fato, o uso da energia está em franca transformação. Sistemas elétricos inteligentes (smart grids), carros elétricos em substituição aos convencionais a combustão, cidades com uma grande quantidade de sensores e aparatos elétricos, novas tecnologias  de geração de eletricidade (sobretudo renováveis), competindo com as tradicionais e assim por diante. Ou seja, os países ricos nos apresentam uma verdadeira engenharia de inovações disruptivas que já estão invadindo a nossa forma de viver. O que se apresenta é um mundo cada vez mais digital e robotizado sob pinceladas “verdes”. Continue lendo »

Nuclear para reduzir emissões: ter ou não ter, eis a questão

In energia, energia nuclear on 09/05/2018 at 14:27

Por Renato Queiroz

Renato052018As mudanças climáticas e a segurança energética, em uma era de transitoriedade, delimitam as decisões no estabelecimento de políticas públicas energéticas, mecanismos regulatórios, investimentos no setor de energia, pesquisas acadêmicas, entre outros. O contexto de transitoriedade cria incerteza e, sob essa tônica, o exercício de planejar o futuro deve considerar como condição necessária a inovação (QUEIROZ, 2010). A velocidade das mudanças pode ser de tal ordem que o estado de permanência das tecnologias que movimentam os negócios fique cada vez menor. Os ambientes fabris estão sendo impulsionados a tomarem decisões com poucas margens de erros e com rapidez; como um arqueiro que permanece em uma mesma posição, em um breve tempo, mirando o alvo certo antes de disparar a flecha.

“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”. William Shakespeare

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Eletricidade: o motor das cidades do futuro

In energia elétrica on 11/12/2017 at 00:15

Por Renato Queiroz

O relatório “World Population Prospects- 2017 Revisions” (ONU 2017), divulgado em junho deste ano pelo Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, apresenta novas revisões das projeções demográficas dos países. Os números nos levam a pensar. Até 2030, ou seja nos próximos 13 anos, haverá um acréscimo de 1 bilhão de indivíduos no mundo e a população global alcançará 8,6 bilhões. As projeções para 2050 chegam a mais de 11 bilhões de habitantes.

Em 31 de outubro passado, Dia Mundial das Cidades, o chefe do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) (1), Joan Clos, ressaltou a necessidade de discutir e repensar as novas formas de administração das cidades, com inovações, já que mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas. Essa proporção deve atingir a 66 % em 2050, segundo a ONU. Vale destacar que, já em 2012, o Programa ONU-Habitat em seu relatório “Estado das Cidades da América Latina e Caribe” destacava que em 2020 a taxa de urbanização no Brasil deveria chegar a 90%. Continue lendo »

Novas energias renováveis no Brasil: desafios e oportunidades

In energias renováveis on 23/05/2017 at 11:45

Por Luciano Losekann e Michelle Hallack

luciano052017A questão ambiental, tanto global quanto local, e os recentes avanços tecnológicos transformaram as energias renováveis na escolha prioritária para a expansão de capacidade de geração elétrica.  Segundo IRENA (2017), desde de 2012, a instalação de capacidade de renováveis ultrapassou as não renováveis de forma crescente. Em 2015, a capacidade instalada de renováveis representou 61% da capacidade total adicionada no mundo.  Este aumento das renováveis no mundo se deve principalmente ao aumento das novas tecnologias de energia renováveis, em especial eólica e solar. Em 2015 o aumento da capacidade instalada das duas fontes mais importantes das novas renováveis, solar e eólica, superou a de hidráulica pela primeira vez.

O Brasil se posiciona neste cenário de forma bastante peculiar visto a importância histórica das hidráulicas na matriz elétrica nacional. Por um lado, as energias renováveis no Brasil são um caso de sucesso, a participação de fontes renováveis na matriz de geração brasileira é de 85%[1]. Isto se deve, principalmente, à participação da energia hidroelétrica, uma tecnologia conhecida[2] e amplamente aplicada no Brasil.  A expansão das hidráulicas, no entanto, enfrenta progressivamente maiores custos e restrições. Assim, se o Brasil quiser manter uma matriz limpa terá que fazer face as novas oportunidades e desafios relacionados a introdução das novas energias renováveis. Continue lendo »

Mudanças climáticas: discussões, decisões, dificuldades, dubiedades, determinações e dilemas

In energia on 05/12/2016 at 00:15

Por Renato Queiroz

renato122016Dois importantes eventos ocorreram  no  mês de novembro de 2016 que  podem levar a indústria de energia global a reavaliar suas estratégias em face dos compromissos assumidos por diversos  países na busca de  conter as emissões de poluentes. O primeiro evento foi a 22ª Conferência das Partes (COP 22) sobre mudanças climáticas, no Marrocos. Essa conferência teve por objetivo implementar o Acordo de Paris sobre o aquecimento global.

Vale lembrar que a COP 21, que foi realizada em dezembro de 2015 em Paris, após várias discussões entre os representantes dos países presentes, aprovou um acordo que  entrou em vigor no dia 04/11/2016 em âmbito global. O Acordo  traçou ações para limitar o aumento da temperatura média no globo a 2ºC até 2100, a partir de planos nacionais de redução de emissões, chamados de INDCs – Intended Nationally Determined Contribution. O  Acordo de Paris definiu um processo com metas individuais de cada país para a redução de emissões de gases de efeito estufa.

Na COP 22 os representantes de quase 200 países se reuniram  durante  duas semanas, entre os dias 07 e 17 de novembro do presente ano, na cidade de Marrakesh, para regulamentar o Acordo de Paris. A declaração da secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Patricia Espinosa, na abertura, deu o tom da Conferência: “As metas anunciadas pelos países precisam ser incorporadas às políticas nacionais”. Continue lendo »

A jabuticaba elétrica

In energia elétrica on 25/07/2016 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

bicalho072016Se só existe no Brasil e não é jabuticaba, não é coisa boa. Essa frase é bastante conhecida e sempre utilizada quando se deseja desqualificar algo que só existe no Brasil. Apresentada de diferentes maneiras e em distintas ocasiões, a teoria da jabuticaba sintetiza as dificuldade de alguns analistas na hora de tratar especificidades que não se encaixam nas explicações de cunho geral disponíveis na praça. Algumas são boas, outras são más, porém, ao fim e ao cabo, jabuticabas são apenas jabuticabas.

O setor elétrico brasileiro pode ser visto como uma grande jabuticaba; pode ser encarado como algo que existe só no Brasil e, em consequência, segundo a teoria da jabuticaba, não é uma coisa boa. No entanto, essa opinião pode ser simplesmente fruto da incapacidade de compreender a real natureza desse setor e, portanto, de identificar as qualidades da fruta.

A análise da transição elétrica brasileira no contexto da transição do setor elétrico no mundo oferece uma boa oportunidade de qualificar as potencialidades da nossa jabuticaba elétrica. Nesse caso, é necessário, inicialmente, identificar qual é, de fato, a singularidade do setor elétrico brasileiro, para então qualificar essa singularidade no quadro da transição mundial.

Considerando a transição elétrica mundial como sendo a substituição dos combustíveis fósseis pelos combustíveis renováveis da matriz elétrica, a transição elétrica brasileira representaria o movimento inverso. Se no caso mundial a mudança se daria a favor dos renováveis, resultando na ampliação significativa da participação desses na matriz, no caso brasileiro, os favorecidos seriam os combustíveis fósseis, que aumentariam a sua participação na matriz brasileira. Continue lendo »

Perspectivas da demanda de GNL mundial e no Japão frente à evolução da energia nuclear

In energia nuclear, GNL on 29/02/2016 at 00:15

Por Niágara Rodrigues (*) e Renato Queiroz

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) adverte que se, em 2050, 80%[1] da eletricidade no mundo não for de baixo carbono a meta de um aumento máximo de 1,5°C na média da temperatura do planeta não será alcançada. E as consequências apontadas pelos especialistas em mudanças climáticas trazem preocupações. Nesse contexto, determinadas fontes consideradas de “transição” para uma economia de baixo carbono vão cumprir o papel de gerarem energia para movimentar o desenvolvimento econômico mundial.

Em um cenário global há duas fontes que são apontadas como fortes participantes da geração de eletricidade nesse período de transição juntamente com as fontes renováveis: o GNL (Gás Natural Liquefeito) e a geração nuclear. Certamente há diferentes realidades entre os diversos países, mas nas análises globais essas são as fontes que disputarão maiores fatias de investimentos, juntamente com as fontes renováveis.

A energia nuclear é uma alternativa aos combustíveis fósseis na produção de eletricidade e vem experimentando uma expansão importante nos últimos anos. Em 2014, a energia nuclear foi a quarta fonte mundial geradora de eletricidade, a qual contribuiu com cerca de 11% do fornecimento de eletricidade no mundo de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA). Continue lendo »

O papel do Estado na construção de uma economia de baixo carbono

In energia on 31/08/2015 at 21:42

Por Diogo Lisbona Romeiro

diogo082015A emergência de uma economia de baixo carbono apresenta-se como a próxima provável revolução tecnológica a ser deslanchada. Desde a Revolução Industrial, os sucessivos paradigmas tecnológicos calcaram-se na utilização crescente de combustíveis fósseis. Em 2013, 80% da demanda energética mundial foi atendida por petróleo, gás natural e carvão (IEA, 2015). O Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC) atribui grande parte da elevação de 0,85º C da temperatura mundial média, em relação ao nível pré-industrial, às emissões de gases de efeito estufa decorrentes da atividade humana (IPCC, 2014).

Estudos reunidos pelo IPCC apontam que a elevação de 2º C acima do nível pré-industrial poderá implicar em sérias consequências ambientais, como o aumento da ocorrência de temperaturas extremas e a elevação do nível dos oceanos. A redução urgente e significativa das emissões antropogênicas de gases de efeito estufa é entendida como a única saída para evitar a elevação da temperatura mundial e a consequente ocorrência de catástrofes ambientais. Acredita-se que, para tanto, o nível de dióxido de carbono na atmosfera, estimado em 270 partes por milhão (ppm) na era pré-industrial e registrado em 400 ppm atualmente, não deva ultrapassar 450 ppm.

Em 2010, na 16ª Convenção das Partes, signatárias da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Cancun (COP16), foi formalizada a meta de manter o aquecimento global inferior à elevação de 2º C ao nível pré-industrial. Espera-se que na COP21, a ser realizada em dezembro de 2015 em Paris, os países se comprometam formalmente a reduzir drasticamente suas emissões de gases de efeito estufa. Continue lendo »

Nuclear: três transições, três agendas

In energia nuclear on 08/06/2015 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

bicalho062015A ampliação da participação da energia nuclear na matriz energética no mundo, e em particular no Brasil, depende da evolução de três agendas. A primeira delas diz respeito aos problemas específicos à transição nuclear, a segunda aos desafios associados à transição energética mundial e a terceira às questões relacionadas à transição elétrica brasileira.

Essas agendas sintetizam os desafios e as oportunidades dessas três transições; dependentes e fortemente inter-relacionadas. A dinâmica evolutiva dessas transições irá desenhar os espaços a serem ocupados pela energia nuclear no suprimento de energia necessário ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar da sociedade.

A transição nuclear

Grande parte do parque nuclear mundial nos próximos quinze anos terá mais de quarenta anos. Países como Estados Unidos, Rússia e França terão que decidir que destino será dado a essas plantas: ampliar a sua vida útil, repô-las ou substituí-las por outras fontes.

Esse é um tema importante de política energética e a forma pela qual os países envolvidos irão encaminhar essa questão desenhará uma parte importante do futuro da matriz energética mundial.

Esse encaminhamento será definido parcialmente a partir da agenda específica da indústria nuclear. Essa agenda é constituída de elementos que compõem um conjunto de questões centrais que foram sendo reunidas ao longo da evolução histórica dessa indústria.

A questão principal dessa agenda é a legitimação dessa alternativa energética como solução para a garantia da segurança do suprimento de energia. Essa legitimação passa pela percepção da sociedade dos riscos envolvidos nessa solução. Continue lendo »

Taxa de desconto, escolhas energéticas e mudança climática

In energia on 25/05/2015 at 00:15

Por Felipe Botelho

felipe052015As ações de hoje guiam e/ou determinam as realidades do amanhã. O amanhã aqui deve ser entendido como um futuro não necessariamente imediato, mas num horizonte de tempo discernível e relevante para que o agente em questão possa ter uma compreensão relevante dos fatos projetados à futuro.

O que é, pois, o tempo? Se ninguém mo perguntar, sei o que é; mas se quero explicá-lo a quem mo pergunta, não sei (…)”
(Confissões, XI. p.113 – Santo Agostinho, Livro XI)

A ideia posta por Santo Agostinho sobre o tempo se coloca de forma a relacionar passado e futuro com a existência e a realidade do presente. Assim, o passado e futuro não existem concretamente, apesar de um já ter ocorrido e o outro em perspectiva de ocorrer; mas é a partir do presente como referência que é possível a criação da noção do tempo e, assim, do estabelecimento de sua métrica (seja o tempo curto, longo, instantâneo, permanente, etc.).

Desta maneira, é estabelecendo uma métrica com relação ao presente a maneira em que podemos entender o que será o futuro por comparação ao presente concreto e real.

Ao tratarmos da teoria econômica que faz uso de projeções de futuro, é usual o desenvolvimento de técnicas e modelos estatísticos de extrapolação, simulação, acompanhados de análises custo-benefício. A maioria destes métodos se concentra em valores monetários como métrica principal para a avaliação de impactos, em muitos casos valorando atributos não-econômicos, como é o caso de análises sobre impactos ambientais e climáticos, por exemplo. Continue lendo »

Eleições americanas: energia derrota Obama

In energia on 17/11/2014 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

bicalho112014As eleições de 4 de Novembro nos Estados Unidos representaram uma derrota para a política energética do presidente Barack Obama.

No Senado, os Republicanos reconquistaram a maioria, ficando com 53 cadeiras contra 44 dos Democratas, na Câmara ampliaram o seu domínio, controlando 244 assentos contra 186 dos Democratas, e nas eleições para governador, das 36 disputas, os Republicanos ganharam em 24.

Senado

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Câmara

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 Governador

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Nessas eleições de meio de mandato, os Republicanos, ao final, tomaram 12 cadeiras dos Democratas no Senado, 12 cadeiras na Câmara e 3 governos estaduais.

Nas disputas pelo Senado, as maiores derrotas Democratas vieram de estados produtores de energia como Kentucky, West Virginia, Alaska e Colorado. Em West Virginia, grande produtor de carvão, os Republicanos conseguiram eleger um senador pela primeira vez em 56 anos – Shelley Moore Capito, que também foi a primeira mulher eleita para o Senado pelo estado.
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A mudança da política alemã de incentivo às energias renováveis

In energias renováveis on 01/09/2014 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

bicalho092014No primeiro dia do mês de Agosto deste ano entrou em vigor a nova lei de incentivo às fontes de energia renováveis na Alemanha. A chamada EEG 2.0 (Erneuerbare Energien Gesetz – Lei das Fontes de Energia Renováveis) representa um forte ajuste na política energética alemã de apoio a essas fontes.

O freio de arrumação na transição energética alemã (energiewende) é fruto das fortes pressões a favor da reformulação do programa advindas principalmente dos setores industrial e elétrico alemão, assim como da própria Comunidade Europeia.

Com um custo estimado de um trilhão de Euros até 2030, uma das grandes ameaças à energiewende passou a ser a explosão das tarifas de energia elétrica puxada, principalmente, pela forte expansão da energia solar; fortemente subsidiada pelo esquema de tarifação Feed-in, que garante a rentabilidade dos investimentos em renováveis durante 20 anos.

Com uma conta de 20,4 bilhões de Euros chegando aos bolsos dos consumidores em 2013 – com expectativa de aumentar para 23,6 bilhões em 2014 -, as mudanças no esquema de subvenções às energias renováveis tornaram centrais para a sustentabilidade política e social do programa.

Mesmo não tendo que pagar 100% das taxas de incentivos às renováveis, em função de um mecanismo de proteção às indústrias intensivas em energia, os grandes consumidores alemães têm de pagar uma tarifa de €100 por MWh, ao passo que nos Estados Unidos o consumidor industrial paga em média  menos de €55 por MWh. No caso do consumidor industrial alemão médio, sem o mecanismo de proteção, esse valor atinge €145 por MWh. O gráfico abaixo apresenta as tarifas industriais alemãs em relação a outros países e sintetiza as dificuldades para a manutenção da competitividade industrial do país face ao movimento de aumento da tarifa de eletricidade; em contraste, fundamentalmente, com a manutenção das baixas tarifas americanas. Continue lendo »

O carro do futuro II: reflexões sobre os resultados do último relatório do IPCC

In energia on 26/05/2014 at 00:15

Por Michelle Hallack

michelle052014Um dos principais impulsos para o desenvolvimento de tecnologias alternativas para o transporte é a preocupação com as emissões de gases de efeito estufa.  Os fundamentos desta preocupação são reforçados pelos resultados do relatório do IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Exchange) que foi aceito em meados de abril 2014, IPCC (2014). O relatório chama atenção para diversos aspectos do crescimento das emissões de CO2 no transporte e nos desafios que o crescimento da mobilidade, principalmente nos países subdesenvolvidos, colocará caso não haja uma mudança radical nas formas de transporte de pessoas e de mercadorias.

Segundo o relatório, o setor de transporte produziu em 2010 6,7 GtCO2[1], sendo assim responsável por 23% da emissão de CO2 relacionadas as atividades energéticas. Este valor vem crescendo significativamente e de maneira sustentada, mesmo com avanço da eficiência dos veículos e das políticas adotadas. Em relação a 1970, a emissão de gases de efeito estufa no setor de transporte mais que dobrou, crescendo com taxas superiores aos outros setores usuários de energia. Note que 80% deste crescimento são gerados por veículos rodoviários.

O relatório chama atenção para a diferença de distribuição do transporte, em torno de 10% da população global representa 80% do total de passageiros (passageiros-kilometros). Isto significa que uma grande parte da população mundial viaja pouco ou nada. Neste sentido, pode-se pensar nos resultados de emissão de CO2 em transporte como uma forma de indicador de acesso aos serviços de transporte[2]. Como já apontado por Shafer e Victor (2000), o crescimento da renda tende a gerar aumento da mobilidade[3]. Continue lendo »

Segurança energética e mudanças climáticas: o caso russo

In energia on 05/05/2014 at 00:15

Por Felipe Imperiano *

imperiano052014Além de ocupar uma posição relevante no que tange o fornecimento energético, a Rússia é um dos maiores consumidores mundiais de energia de origem fóssil, portanto as suas decisões de política energética têm implicações para a segurança energética e a sustentabilidade do meio ambiente, em uma dimensão global (IEA, 2011, p. 245). O que faz com que o seu posicionamento, dada a perspectiva de elevação de temperatura mundial, em função da liberação de carbono na atmosfera pelo consumo de energia, seja de amplo interesse.

A Rússia foi o terceiro maior produtor de energia do mundo, em 2011. A sua produção total foi de 1.314,88 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep), isto é, aproximadamente 10% da produção mundial (IEA, 2013a, p. 54). A demanda interna bruta[i] total, nesse mesmo ano, foi de 730,97 Mtep (IEA, 2013, p. 240). Isso representou um crescimento de 4,1%, em relação ao ano anterior (IEA, 2012, p. 13). Ainda assim, o seu percentual no total do consumo mundial diminuiu ligeiramente de 6% para 5,6% e ela passou a ser o quarto maior demandante de energia, sendo ultrapassada pela Índia (IEA, 2013, p. 13; IEA, 2012, p. 13).

Em 2011, a Rússia emitiu 1.653,23 Mt de dióxido de carbono, isto é, 5,3% das emissões mundiais, o que faz dela a quarta maior emissora de CO2 (IEA, 2013a, p. 54). Estima-se que entorno de 82% das emissões de gases de efeito estufa russas sejam provenientes do setor energético (IFC, 2011, p. 11). O pico das emissões de CO2 acorreu em 1989 e, a partir de então, caíram continuamente até 1998, com ilustra o Gráfico 1 (BP, 2013). No ano seguinte, concomitantemente à mudança de governo e ao início de sua recuperação econômica, essa tendência se inverteu. Entre 1999 e 2011, as emissões russas cresceram em média 0,9% ao ano, porém ainda são, aproximadamente, 30% menores do que em 1989. Continue lendo »

Segurança energética e mudança climática na China

In energia on 10/02/2014 at 00:15

Por Felipe de Souza *

felipe022014O suprimento de energia na China tem se baseado na utilização do carvão doméstico e, nos anos mais recentes, também do importado. Na última década, mais de 80% do aumento da demanda global por carvão ocorreu em razão da China (Best; Levina, 2012). O carvão é um fator de competitividade para importantes setores da economia chinesa incluindo setor elétrico e industrial.

Devido ao fundamental papel da China na economia global e, pelo fato de ser a maior consumidora de energia e maior emissora de dióxido de carbono, a política energética chinesa terá cada vez mais que lidar com o dilema entre segurança energética e mudança climática no contexto do objetivo mundial estabelecido durante a COP 15: controlar o nível de emissões de gases de efeito estufa no sentido de evitar o aumento da temperatura em mais de 2º Celsius neste século (United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), 2010).

Em 2009, diante da pressão da comunidade internacional, o então presidente Hu Jintao anunciou a meta da China em reduzir as emissões em 40% a 45% por unidade de PIB em relação ao nível de 2005 até o ano de 2020 (Yu, 2009). Continue lendo »

A energia do Brasil e seus desafios

In energia on 07/10/2013 at 00:15

Por Edmar de Almeida e Ronaldo Bicalho

edmar102013No livro a Energia do Brasil o professor Antonio Dias Leite descreve e analisa a saga brasileira na construção do seu setor energético. Nessa obra clássica, o professor emérito do Instituto de Economia da UFRJ disseca a maneira como o país soube encontrar a energia necessária para a sustentação do seu desenvolvimento econômico. Desenvolvimento econômico baseado em uma forte industrialização voraz no consumo de energia.

Nessa trajetória, o país construiu um setor energético moderno, vigoroso e sofisticado. Das águas profundas à gestão dos grandes sistemas elétricos continentais, passando pelo enriquecimento de urânio e pelos biocombustíveis, o país conseguiu a energia necessária ao seu crescimento econômico e ao bem estar da sua população.

O novo milênio traz desafios maiores e mais complexos para o setor energético. Mais uma vez é necessário ir em busca da energia do Brasil. Não mais aquela que nos sustentou no século passado; mas aquela que poderá nos sustentar neste século que se inicia.

Os desafios para o setor de energia brasileiro neste século que se inicia são consideravelmente distintos dos já enfrentados até o momento. No século passado a questão central foi a segurança energética e a redução da dependência externa. O Brasil busca agora se tornar um grande exportador de energia, em particular de petróleo. Este objetivo muda de patamar as complexidades e desafios para os setor de energia nacional. A dinâmica do setor energético nacional passa a ter um dimensão internacional. Ou seja, as relações econômicas e políticas que o país desenvolverá no plano internacional terão implicações para o setor energético nacional. Continue lendo »

A transição energética: aberta, indefinida e indeterminada

In energia on 23/09/2013 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

bicalho092013Duas questões fundamentais caracterizam o atual contexto energético e sua evolução futura: a segurança energética e a mudança climática.

A garantia do suprimento de energia necessário ao crescimento econômico e ao bem-estar da sociedade e a mitigação do processo de mudança climática mediante o controle do aquecimento global via a redução das emissões de gases de efeito estufa são objetivos drasticamente interdependentes e contraditórios.

Interdependência e contradição essas que nascem do papel crucial desempenhado pelos combustíveis fósseis tanto na segurança energética quanto na mudança climática.

Esses combustíveis representam, por um lado, 80% do consumo mundial de energia e, por outro, 80% das emissões de CO2 de origem humana.

Dessa forma, reduzir as emissões de CO2 tem um custo energético, representado pela indisponibilidade de um recurso chave para o atendimento das necessidades energéticas. Em contrapartida, atender essas necessidades mediante o uso intenso desse recurso tem um custo ambiental, representado pela explosão das emissões, intensificação do aquecimento global e aceleração da mudança climática.

Esse trade-off estrutura o processo de transição energética. Essa transição de uma economia baseada no uso intensivo dos combustíveis fósseis para uma economia sustentada por combustíveis limpos encontra-se no coração da dinâmica energética que definirá a evolução do contexto energético neste século.

A maneira como se percebe, se administra e se reduz esse trade-off é fundamental na definição da necessidade, do conteúdo, do ritmo e da duração da transição energética. Continue lendo »

Os desafios da energia no Brasil

In energia on 30/07/2013 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

seminario2Quais são as questões fundamentais para o desenvolvimento do setor energético brasileiro no atual contexto nacional e internacional? De que maneira a energia pode ser um fator decisivo no desenvolvimento econômico e social do país? Quais são os grandes desafios a serem vencidos para que a energia possa servir de alavanca para esse desenvolvimento?

Para responder a essas questões o Grupo de Economia da Energia realizará no próximo mês de Outubro o seminário: Os desafios da energia no Brasil.

Esse fórum de debates, reunindo especialistas do setor produtivo, do governo e da universidade, se dará em dois dias, e está estruturado em torno da discussão de seis grandes temas e duas grandes questões decisivas para a evolução do setor energético brasileiro.

O Contexto Energético Internacional: Um Mundo em Transição

O primeiro grande tema é a inserção do debate brasileiro no debate energético internacional. Nesse sentido, quais são as grandes tendências e dilemas do cenário energético internacional?

Duas questões fundamentais definem o atual contexto energético internacional: segurança energética e mudança climática. Os diferentes Estados Nacionais encaram de maneiras distintas essas duas questões e, principalmente, a problemática correlação existente entre elas. Essas percepções distintas geram estratégias distintas, que interagindo umas com as outras vão desenhando os cenários possíveis de evolução desse contexto.

Essa pluralidade de percepções, estratégias e evoluções configura um quadro no qual o processo de transição entre a atual economia baseada no uso intensivo dos combustíveis fósseis e uma futura economia sustentada nas energias renováveis é acima de tudo indefinido e aberto, com várias trajetórias, conteúdos e tempos de duração possíveis. Continue lendo »

Obama, mudança climática e carvão

In carvão on 01/07/2013 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

bicalho072013O presidente americano Barack Obama anunciou na última terça-feira, 25 de Junho, um conjunto de iniciativas para combater o aquecimento global, com medidas para reduzir as emissões de carbono, preparar os Estados Unidos para os impactos das alterações climáticas e fortalecer a cooperação internacional para lidar com o problema.

O anúncio representa o movimento político mais importante do atual governo desde a ampla reforma energética proposta em 2009, aprovada inicialmente na Câmara e posteriormente derrotada no Senado.

Nessa nova tentativa de fixar o legado de sua presidência no combate à mudança climática e no apoio às energia limpas, Obama privilegiou as ações no âmbito do próprio Executivo. Dessa forma, procurou evitar o enfrentamento legislativo que marcou o seu primeiro mandato. Contudo, se, por um lado, o presidente se livrou dos desgastes e das derrotas desse tipo de enfrentamento, por outro, sem o recurso a mudanças regulatórias significativas, suas opções se tornaram mais limitadas. Assim como mais sujeitas a questionamentos legais.

Entre as medidas anunciadas na última terça-feira, sem dúvida, a de maior impacto ambiental, econômico e político é a proposta de definição de padrões de emissão de CO2 para as plantas de geração de eletricidade, tanto para as novas quanto para as já existentes; lembrando que a geração de eletricidade é responsável por um terço das emissões americanas de gases de efeito estufa.

Obama considera que tem o mandato legal para agir na redução das emissões de carbono a partir da determinação da Suprema Corte de que o CO2 é um poluente. Nesse sentido, o presidente estabeleceu que a agência federal do meio ambiente (Environmental Protection Agency – EPA) trabalhe em conjunto com os estados, a indústria e outras partes envolvidas com o problema, na determinação de novos padrões de poluição do carbono, similares àqueles que já existem para outros poluentes tóxicos como o mercúrio e o arsênico. Essas novas regras deverão estar definidas e prontas para serem aplicadas dentro de dois anos. Continue lendo »

Fósseis e renováveis na disputa pela Casa Branca

In energia on 29/10/2012 at 00:10

Por Renato Queiroz

A imprevisibilidade da disputa presidencial americana vem mexendo com os analistas em política energética e os consultores dos portfólios da indústria mundial de energia, sobretudo com a possibilidade da volta de um governo republicano. Está no ar a seguinte questão no ambiente energético global: quais energéticos vencerão as eleições americanas?

As discussões sobre os programas de governo e os discursos e as entrevistas dos candidatos Obama e Romney são analisados nos seus pormenores pela “comunidade energética mundial” na busca de sinais sobre que energéticos poderão ter prioridades em seus usos indicando, assim, os negócios promissores da indústria energética que movimenta centenas de milhões de dólares pelo mundo.

A crescente demanda mundial por energia, em conjunto com as políticas dos governos para diversificar as fontes de energia – seja por razões de redução de emissões de gases de efeito estufa, seja pela busca de uma maior segurança energética ou na estratégia de alavancar as economias em tempos de crise – têm impulsionado a demanda de energéticos não convencionais.

Nesse bojo não se encontram somente os renováveis, mas também o gás natural como um representante de respeito entre o time dos fósseis. Afinal, o peso do gás natural na agenda energética dos Estados Unidos vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos 10 anos, e o gás não convencional vem puxando esse movimento. Continue lendo »

O desafio energético Indiano: pobreza, segurança energética e mudança climática

In energia on 15/10/2012 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho

Na Índia, 25% da população não têm acesso à eletricidade e 72% usam lenha para cozinhar. Isto significa que 289 milhões de indianos não têm luz elétrica em suas casas e que 836 milhões não têm fontes de energia modernas para preparar seus alimentos.

A Índia tem uma demanda energética (692,6 Mtep) 40% maior do que a do Japão (496,8 Mtep), contudo, cada indiano consome (0,59 tep) apenas o correspondente a 15% da energia consumida por um japonês (3,90 tep).

Mesmo considerando as reduções previstas para essas carências energéticas, em 2030 as parcelas da população indiana sem acesso à energia elétrica (194 milhões) e às fontes modernas para a cocção (778 milhões) continuarão sendo significativas (10% e 53%, respectivamente).

Desse modo, a demanda de energia de uma grande parte da população indiana não é atendida hoje e, mais do que isso, continuará sem ser atendida por um longo tempo.

Em função das graves consequências econômicas e sociais dessa pobreza, prover o acesso às energias modernas para toda a sua população, principalmente à eletricidade, é a prioridade maior da política energética indiana. Essa inclusão tem sido, historicamente, o grande desafio das políticas públicas do Estado indiano na área de energia.

A Índia apresenta a terceira maior demanda de energia do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Continue lendo »

As instituições e o futuro da energia

In energia on 06/08/2012 at 11:44

Por Ronaldo Bicalho

As instituições têm um papel decisivo na configuração do futuro da energia. Este texto discute o papel das políticas energéticas dos diversos Estados nacionais na evolução do cenário energético no médio (2030) e no longo (2050) prazos.

O peso das instituições

Dois fatores determinam a evolução estrutural do cenário energético: tecnologia e instituições.

Se, por um lado, as tecnologias vão definindo o horizonte de possibilidades de mediação entre as necessidades energéticas e os recursos naturais, por outro, as instituições vão enquadrando essas possibilidades; incentivando ou penalizando, sancionando ou vetando tecnologias, estratégias, empresas e países.

A evolução energética no médio e no logo prazo, vista sob a perspectiva de hoje, depende do posicionamento das instituições que regulam, em sentido amplo, o mercado energético frente a dois temas cruciais: segurança energética e mudança climática.

Esse posicionamento, na medida em que se traduza em políticas públicas, definidoras das ações dos diversos Estados Nacionais no enfrentamento desses dois problemas, irá se constituir em um dos elementos chave para a definição dos futuros possíveis da energia. Continue lendo »

O cenário energético atual

In energia on 16/07/2012 at 00:19

Por Luciano Losekann

Nos dias 24 a 27 de junho, a 35ª edição da conferência internacional da Associação Internacional de Economia da Energia (IAEE) foi sediada em Perth na Austrália. Essa conferência é a mais importante da área de economia de energia. Os principais temas discutidos foram: as perspectivas para o gás natural resultantes da oferta não convencional, o panorama da energia nuclear no Japão pós-Fukushima e a mitigação de emissão de CO2 no setor elétrico.

A relação entre as indústrias de petróleo e gás natural foi discutida, principalmente quanto a formação de seus preços. A apresentação de Fereidun Fesaraki abordou o tema, recorrendo a seguinte ilustração: “se o petróleo é um namoro, o gás natural é um casamento”. Apesar da introdução de flexibilidade a partir da difusão do GNL e da maior importância de mercados spot, a infraestrutrura de gás exige maior comprometimento entre os envolvidos. Assim, os contratos de longo prazo ainda tendem a ser dominantes. Usualmente, contratos de GNL têm duração de quatro a dezessete anos. São os contratos longos que permitem o financiamento dos projetos, já que bancos só aceitam participar quando os contratos de compra de longo prazo são apresentados. Continue lendo »

Perspectivas tecnológicas e emissões de CO2

In energia on 02/07/2012 at 00:15

Por Jacqueline Batista Silva

Em junho foi lançada a edição 2012 do Energy Technology Perspectives (ETP), da Agência Intenacional de Energia (AIE).  A publicação é apresentada como sendo a mais ambiciosa e abrangente no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias em energia. Nela, é demonstrado como tecnologias – de veículos elétricos a parques eólicos – podem contribuir significativamente para o objetivo internacionalmente acordado de limitar o aumento global da temperatura em, no máximo, 2°C sobre os níveis pré-industriais. O relatório é norteado, portanto, pelo cenário de 2°C ou 2DS (2 Degrees Scenario).

O Energy Technology Perspectives 2012 ganhou repercussão no New York Times e no The Guardian, numa época em que, a despeito dos resultados, vimos diversos países envolvidos em torno de questões ambientais na Rio+20.

O estudo disponibiliza no site a visualização do padrão de emissões e projeções de diferentes países (incluindo o Brasil) para os diferentes cenários de emissão. O gráfico que apresenta a condição do Brasil para o nível de emissões de CO2 em Gt, numa projeção para 2050, é reproduzido a seguir: Continue lendo »

Japão e Alemanha: o dilema nuclear

In energia nuclear on 04/06/2012 at 00:15

Por Renato Queiroz e Felipe Lobo

Há um dilema energético que tanto a chanceler alemã Angela Merkel quanto o primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda enfrentam neste momento: atender ao clamor público que exige o fechamento das usinas nucleares existentes em seus países ou seguir os ditames da segurança energética que aconselham a manutenção dessas usinas em funcionamento para assegurar a confiabilidade e os custos do suprimento de energia, essenciais para a competitividade de suas economias.

Esse não é um dilema novo para esses países. A peculiaridade do atual momento reside na dramaticidade introduzida pelo desastre de Fukushima, ocorrido no início do ano passado, no trade-off segurança energética versus insegurança nuclear; ou seja, risco de déficit energético versus risco de acidente nuclear. Continue lendo »

A China e o futuro das energias limpas

In energias renováveis on 23/04/2012 at 00:15

Por Ronaldo Bicalho e Felipe de Souza

A China é o maior consumidor de energia e o maior emissor de CO2 do mundo. Sua matriz energética é baseada no carvão, que atende a 67 % da sua demanda energética e gera 79 % da sua eletricidade.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, o gigante asiático será responsável por um terço do aumento da demanda global de energia de hoje até 2035.

Se em 2000 a China demandava o correspondente a metade da energia consumida pelos Estados Unidos, em 2035 os chineses irão consumir 73% a mais do que os americanos; em um quadro no qual além de maiores consumidores de energia eles serão também os maiores importadores mundiais de petróleo.

Por outro lado, em 2009 a China ultrapassou o Estados Unidos como o país que detém a maior capacidade instalada de energias limpas. Nesse mesmo ano e no seguinte a China foi o país que mais investiu nesse tipo de energia (US$ 39,1 bilhões e US$ 54,4 bilhões de dólares, respectivamente); de tal forma que hoje os chineses são os maiores produtores mundiais de turbinas eólicas e painéis solares. Continue lendo »

Observatório de geopolítica da energia I: incertezas críticas globais em tempos turbulentos

In energia on 12/12/2011 at 00:15

Por Renato Queiroz

Os formuladores de política energética e executivos da indústria de energia estão, certamente, nesse  momento debruçados nas análises voltadas a economia da energia  e  a geopolítica energética na busca de um entendimeno do atual cenário mundial que os levem a implantar ações que minimizem os riscos  de abastecimeno energético em seus  países  e  em suas empresas.

Afinal  o mundo atual que convoca revoluções via facebook ,twitter,  pega de surpresa os estrategistas das corporações e de governos que avaliam o complexo mundo da indústria da energia. Métodos tradicionais  e modelos clássicos racionais para prever desempenhos econômicos, preços de combustíveis, inserção de novas tecnologias podem trazer,nesse novo contexto,uma dose de inocência. A sofisticação é uma exigência para o entendimento do imenso leque de informações que as “ redes” nos proporcionam. A geopolítica  da energia que trata das relações entre energia ,economia e políticas dos países pode aumentar o feeling  dos profissionais e reduzir os riscos de suas decisões. Continue lendo »

Redução das emissões de CO2: distribuindo custos e sacrifícios

In energia on 07/11/2011 at 00:12

Por Ronaldo Bicalho

Segundo a nossa última postagem, pensar a transição entre a atual economia baseada no uso intensivo dos combustíveis fósseis  e uma futura economia sustentada nas energias renováveis como um processo definido, com uma trajetória única, um timing único e um conteúdo único, é uma simplificação que não ajuda no entendimento da natureza dessa transição, de suas possibilidades e de suas dificuldades.

A transição, de fato, é um processo indefinido e aberto, com várias trajetórias, conteúdos e tempos de duração possíveis.

Em outras palavras, não há uma transição única, mas várias transições.

Nesse sentido, analisar as possibilidades de evolução do setor de energia no mundo hoje implica na análise dessas várias transições.

Mapeando transições

Para se identificar essas diferentes possibilidades de transição é fundamental mapear as distintas maneiras de se perceber o trade-off segurança energética versus mudança climática e as diversas formas de enfrentá-lo.

Para isso, pode-se considerar, em termos gerais, que a redução da intensidade do processo de mudança climática seja o objetivo principal e, a partir daí, se avaliar qual o tipo de impacto negativo (custos) que a redução das emissões de CO2 tem sobre a segurança energética, em função de diferentes hipóteses para a obtenção dessa redução. Continue lendo »

Segurança energética e mudança climática: a difícil convergência

In energia on 19/09/2011 at 00:10

Por Ronaldo Bicalho

Duas questões fundamentais dominam o debate contemporâneo sobre energia: mudança climática e segurança energética.

A princípio, essas questões pertencem a áreas de políticas públicas diferentes, contudo, a evolução recente dos acontecimentos, tanto no âmbito energético quanto no ambiental, fez com que a interdependência entre elas crescesse de forma significativa.

Face a isto, a peculiaridade do atual momento não se encontra simplesmente na presença do tema ambiental – mudança climática – no debate sobre energia, mas no protagonismo adquirido por esse tema na evolução do quadro energético atual. Em consequência, não basta reconhecer a necessidade de incorporar a variável ambiental no debate, mas reconhecer a necessidade de incorporá-la como uma questão de primeira ordem, em igualdade de condições com o tema energético por excelência que é a segurança energética.

A necessidade de se colocar as dimensões ambiental e energética no mesmo patamar na discussão sobre energia é fruto da presença marcante dos combustíveis fósseis tanto na mudança climática quanto na segurança energética.

Para a área de meio ambiente, os combustíveis fósseis constituem a principal causa da mudança climática, em função do aumento da temperatura gerado pela concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera; em particular, do CO2 emitido pela queima desses combustíveis.

Para a área de energia, os combustíveis fósseis desempenham um papel fundamental na garantia do suprimento de energia necessário ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social; graças a um conjunto de atributos – estocabilidade, densidade, disponibilidade e controle – que permite a utilização desses combustíveis em níveis de escala e custo extremamente favoráveis. Continue lendo »

A energia verde como um negócio

In energias renováveis on 29/08/2011 at 00:15

Por Jacqueline Batista Silva

A maioria das considerações sobre a energia verde apresenta como motivador para a sua utilização a questão ambiental. Essa abordagem começa a ser substituída. Ao avaliar as possibilidades da economia verde na economia mundial em crise é possível encontrar resultados interessantes.

Por muito tempo, temas como “economia verde” ou “utilização de fontes renováveis de energia em processos produtivos” fizeram parte de uma abordagem sobre mudança climática ou manutenção da qualidade da vida humana no futuro. Dizia respeito a alguma utilização consciente de recursos energéticos, mas sem a devida análise do fator econômico.

Para preencher essa lacuna a The Brookings Institution lançou em Julho deste ano um relatório intitulado Sizing The Clean Economy, em que avalia do ponto de vista econômico – tomando como eixo a geração de empregos – o papel da economia verde nas regiões metropolitanas dos Estados Unidos.

O relatório – um dos mais claros e atualizados desse setor econômico – menciona uma grande dificuldade em mensurar todo o alcance dos empregos gerados pela economia verde, mas ainda assim, nenhum setor da economia americana tem sido mais celebrado como fonte de renovação econômica e geração de empregos.

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Os combustíveis fósseis e o aquecimento global no intrincado jogo da política energética

In energia on 08/08/2011 at 00:15

Por Renato Queiroz

Ao formularem e reavaliarem as políticas energéticas, os países enfrentam uma questão: as futuras matrizes energéticas devem refletir as ações que diminuam em ritmo crescente a queima do petróleo, gás natural e carvão, na busca de frear o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Essa questão vem acompanhada de relatórios de organizações respeitadas, como aqueles do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), advertindo que se tais ações não se concretizarem haverá elevação dos oceanos, secas em determinadas regiões, alterações no clima, etc.

Outro exemplo é o documento publicado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento, em 2 de agosto de 2011, “A Ásia 2050”, e cujas conclusões foram divulgadas recentemente pela mídia.  Essa instituição, fundada em 1966 e cujo objetivo é promover o crescimento econômico para países em desenvolvimento na Ásia, alerta, nesse documento, que o impacto das mudanças climáticas está entre os principais entraves, para que a região recupere a posição econômica dominante que tinha antes da Revolução Industrial. Continue lendo »

Dos fósseis aos renováveis: a difícil transição energética

In energia on 18/07/2011 at 00:10

Por Ronaldo Bicalho

A construção de uma política energética, que administre a difícil passagem de uma economia baseada nos combustíveis fósseis para uma economia de baixo carbono, não é uma tarefa fácil.

A massiva substituição dos combustíveis fósseis pelas fontes de energia renováveis envolve mudanças tecnológicas, econômicas e institucionais significativas. Essas mudanças transcendem o setor energético e abarcam temas que dizem respeito a um conjunto de valores associados ao papel crucial da energia no desenvolvimento econômico e no bem estar social e à relação com os recursos naturais e o meio ambiente derivada, justamente, dessa crucialidade.

A compatibilização entre os imperativos da segurança energética e os da mudança climática, mediante o recurso à penalização dos combustíveis fósseis e ao incentivo às renováveis, tem-se demonstrado na prática muito mais complexa do que o imaginado inicialmente.

A idéia de reunir o melhor dos dois mundos – a autossuficiência e a baixa emissão, o aumento da segurança energética e o combate aos fatores geradores da mudança climática – em torno da ampliação das fontes renováveis na matriz energética vem encontrando dificuldades tecnológicas, econômicas e político-institucionais crescentes.

A primeira dificuldade é tecnológica e diz respeito à necessidade de que haja avanços significativos nas tecnologias renováveis para que elas possam competir de fato com as tecnologias tradicionais. Esses avanços referem-se à superação dos problemas associados às baixas estocabilidade, densidade e escala, características do atual estágio de desenvolvimento das renováveis. Continue lendo »