Posts Tagged ‘cenários’
abastecimento, cenários, consumo automotivo, derivados de petróleo, emissão de CO2, frota veicular, previsão, projeções, refino
In etanol, gasolina, GNV on 15/08/2017 at 11:00
Por Niágara Rodrigues, Luciano Losekann e Getulio Silveira Filho
O segmento de transporte rodoviário brasileiro dispõe de condição única com parcela significativa da frota capaz de utilizar outros combustíveis além da gasolina e do óleo diesel, como etanol, biodiesel e, em menor escala, o gás natural veicular (GNV). Apesar da presença dos biocombustíveis o setor de transportes é responsável por uma grande parcela das emissões dos gases causadores do efeito estufa (GEE) no Brasil, sendo a gasolina responsável por 34% das emissões de combustíveis líquidos e o óleo diesel 62%.
Na 21ª Conferência das Partes (COP21) em Paris, o Brasil assumiu o compromisso voluntário de adotar medidas para reduzir as emissões de GEE em 37% em 2025 e 43% em 2030 em relação as emissões de 2005, com o objetivo de contribuir para que a temperatura média global não aumente 2°C acima dos níveis pré-industriais. Para atender tal objetivo o Brasil estipulou a meta de aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética para 18% até 2030, expandindo o consumo de biocombustíveis, o que inclui o aumento da oferta de etanol e biodiesel (MRE, 2015).
Todavia, chama a atenção o expressivo crescimento do consumo de combustíveis para transporte nos últimos anos. O consumo agregado de gasolina e óleo diesel dobrou de 2000 para 2013, crescendo a uma taxa de 4% ao ano (ANP, 2017a), e, apesar da taxa de crescimento da demanda ter diminuído com a crise brasileira, o consumo apresentou crescimento médio superior ao Produto Interno Bruto (PIB) entre os anos 2010 e 2015. Continue lendo »
cenários, crise, crise da indústria de petróleo, inovação, investimento, mercado de petróleo, preço do petróleo, queda do preço de petróleo, redução do preço do petróleo, setor de petróleo
In petróleo on 30/05/2016 at 12:35
Por Renato Queiroz
A Situação
Em uma conjuntura de queda do preço do petróleo com excesso de oferta, arrefecimento da economia chinesa – sendo a China o primeiro consumidor de petróleo – e retorno do petróleo iraniano ao mercado, aumenta fortemente a insegurança dos investidores na indústria de óleo e gás. Os inúmeros fóruns de debates com a presença de executivos de empresas petroleiras, prestadoras de serviços, consultores especializados vêm avaliando quais as consequências, as sequelas e as perspectivas dessa indústria.
Há, hoje, uma movimentação intensa de contratação de consultores especializados para mapear a situação em detalhes e apontar soluções que tragam melhores resultados para as companhias de petróleo e gás, prestadoras de serviços e fornecedoras de equipamentos. É uma nova crise para entrar na lista das grandes crises da indústria do petróleo com fortes resultados negativos: falências, desemprego, prejuízos. Segundo o professor do GEE Edmar de Almeida: “as empresas operadoras estão tentando se ajustar à nova realidade de preços através do corte dos investimentos. Isto terá um impacto devastador para a cadeia de fornecedores que terá que realizar um ajuste ainda maior. Basicamente, ainda vamos ver muito desemprego e um número importante de empresas quebrando”. (Edmar, 2016) Continue lendo »
cenários, EPE, história do setor energético brasileiro, planejamento da expansão, planejamento energético, Plano 2015 - Eletrobrás, Plano Nacional de Energia Elétrica 1993-2015
In energia elétrica on 02/05/2016 at 00:15
Por Felipe Botelho (*)
O planejamento energético se caracteriza por ser uma ação holística inserida em um conjunto de ações de desenvolvimento econômico-social. O planejamento serve de preparação e para melhor coordenar a organização do mercado de energia e promoção de investimentos, compatibilizando oferta ao consumo futuro.
No Brasil o planejamento energético nacional historicamente foi coordenado por grandes empresas estatais (quais sejam Eletrobrás e Petrobras) que a partir de suas ações e investimentos desenhavam as estruturas a nível nacional do suprimento energético do país. No caso específico do setor elétrico brasileiro, criou-se a tradição de apresentar planos de planejamento como forma de guiar as decisões de investimento e consumo no longo e médio prazo.
Apesar do planejamento, as mudanças de contexto econômico e institucional que a economia brasileira passou nas últimas décadas foram profundas, se refletindo claramente na organização do setor elétrico. Desde a estabilização macroeconômica da economia, a economia brasileira sofreu uma série de ajustes, resultando em um crescimento inconstante. No âmbito setorial, é a partir da década de 1990 que o processo de abertura econômica e liberalização se deu mais intensamente, tornando-se um dos eixos principais da reforma do setor elétrico naquele período. Na década subsequente, a organização setorial pós-reforma não conseguiu manter o nível de investimentos para a expansão em uma economia em recuperação, culminando em crise de suprimento e imposição de um racionamento de larga escala em 2001. Continue lendo »
AIE, cenários, outlook2015, projeções
In energia on 30/11/2015 at 18:10
Por Ronaldo Bicalho
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) (*), de agora até 2040, a utilização de energia no mundo deverá crescer um terço; puxada pela Índia, China, África, Oriente Médio e Sudeste Asiático.
Esse aumento se dará exclusivamente nos países que estão fora da OCDE (**). Tendências econômicas e demográficas, em conjunto com uma maior eficiência no uso da energia, reduzirão de forma continuada o consumo nos países da OCDE; liderados pela União Europeia ( -15%), Japão (-12%) e estados Unidos (-3%).
Em relação aos países que se encontram fora da OCDE e constituem os motores do crescimento do consumo de energia nas próximas décadas, o destaque é a China.
A transição chinesa para um modelo de crescimento econômico menos intensivo em energia tem implicações importantes para as tendência globais de crescimento do consumo energético. A China, sem dúvida, tem um grande peso na evolução do cenário energético mundial e até 2040: permanecerá, com grande folga, sendo o maior produtor e consumidor de carvão; implantará mais capacidade de geração renovável do que qualquer outro país; ultrapassará os Estados Unidos como o maior consumidor de petróleo; e terá um mercado de gás maior do que o da União Europeia. Continue lendo »
cenários, despacho das térmicas, importação de GNL, mercado internacional de GNL, política de gás, preço de gás, preços internacionais de gás, segurança energética, setor de gás
In gás natural, GNL on 21/09/2015 at 00:15
Por Yanna Clara
O mercado de gás natural brasileiro depende fortemente de importações. Em 2014, o gás importado totalizou 52% da oferta nacional, resultado bastante influenciado pelo despacho contínuo das térmicas que vem ocorrendo desde 2012. As importações são provenientes principalmente da Bolívia, mas o Gás Natural Liquefeito (GNL) vem assumindo papel importante no suprimento do energético.
A perspectiva é que a importação de GNL no Brasil se intensifique, devido a incertezas quanto ao futuro do fornecimento de gás boliviano com o término do contrato em 2019, assim como a incertezas do gás proveniente do Pré-Sal. Com o GNL se firmando no mercado energético brasileiro, torna-se crucial uma avaliação da posição do Brasil dentro do contexto internacional.
A atual configuração do mercado internacional de GNL e tendências para o futuro
O gás natural corresponde a aproximadamente 25% da demanda energética mundial, dos quais 10% são supridas via GNL. O GNL cresceu mais do que qualquer outra fonte de gás natural do mundo – uma média de 7% ao ano desde 2000, o que resultou em uma perspectiva de maior integração e flexibilidade para importantes mercados mundiais (IGU, 2015).
Atualmente, existem 38 plantas de liquefação de gás natural em 21 países. O Oriente Médio possui a maior parcela da capacidade de liquefação mundial, com 34% do total, sendo 25% proveniente somente do Qatar, o maior exportador do energético no mundo. Continue lendo »
cenários, impactos climáticos, investimento, mudança climática, política ambiental, política energética, taxa de desconto
In energia on 25/05/2015 at 00:15
Por Felipe Botelho
As ações de hoje guiam e/ou determinam as realidades do amanhã. O amanhã aqui deve ser entendido como um futuro não necessariamente imediato, mas num horizonte de tempo discernível e relevante para que o agente em questão possa ter uma compreensão relevante dos fatos projetados à futuro.
“O que é, pois, o tempo? Se ninguém mo perguntar, sei o que é; mas se quero explicá-lo a quem mo pergunta, não sei (…)”
(Confissões, XI. p.113 – Santo Agostinho, Livro XI)
A ideia posta por Santo Agostinho sobre o tempo se coloca de forma a relacionar passado e futuro com a existência e a realidade do presente. Assim, o passado e futuro não existem concretamente, apesar de um já ter ocorrido e o outro em perspectiva de ocorrer; mas é a partir do presente como referência que é possível a criação da noção do tempo e, assim, do estabelecimento de sua métrica (seja o tempo curto, longo, instantâneo, permanente, etc.).
Desta maneira, é estabelecendo uma métrica com relação ao presente a maneira em que podemos entender o que será o futuro por comparação ao presente concreto e real.
Ao tratarmos da teoria econômica que faz uso de projeções de futuro, é usual o desenvolvimento de técnicas e modelos estatísticos de extrapolação, simulação, acompanhados de análises custo-benefício. A maioria destes métodos se concentra em valores monetários como métrica principal para a avaliação de impactos, em muitos casos valorando atributos não-econômicos, como é o caso de análises sobre impactos ambientais e climáticos, por exemplo. Continue lendo »
cenários, crise da Petrobras, defasagem dos preços dos derivados, derivados de petróleo, política de preço de derivados, preços
In petróleo on 18/05/2015 at 00:20
Por Patricia Oliveira e Edmar de Almeida
A política de preços dos derivados no Brasil tem grande responsabilidade na deterioração da situação econômica da Petrobras nos últimos 4 anos. A principal característica da política atual de precificação dos derivados é a liberalização formal dos preços, seguida de um controle indireto do governo via diretoria e conselho da Petrobras. Desta forma, não existe uma regra conhecida de alinhamento dos preços domésticos aos preços internacionais. Falta transparência e previsibilidade em relação à questão da relação dos preços domésticos e preços internacionais. Esta falta de transparência e previsibilidade da intervenção do governo na precificação é percebida como um grande fator de risco para a empresa.
Além da falta de transparência e previsibilidade, a avaliação da evolução do alinhamento dos preços domésticos aos preços internacionais mostra que houve uma mudança no padrão do comportamento dos preços. Até 2010, observou-se que o desalinhamento dos preços domésticos (para mais ou para menos) não duravam grandes períodos de tempo. A direção da Petrobras deixava claro que a empresa buscava um alinhamento de preços no longo prazo. Isto significava que os períodos de preços domésticos mais baixos eram curtos e seriam compensados por períodos de preços domésticos mais elevados.
A partir de 2011, observou-se uma ruptura com a política de alinhamento no longo prazo. A estabilidade dos preços do petróleo no patamar de 100 dólares entre 2011 e 2014, por um lado, e a política governamental de combate à inflação via controle dos preços “administrados” por outro, resultaram num período muito longo de desalinhamento dos preços doméstico. Desde janeiro de 2011 até outubro de 2014, os preços de referência internacional da gasolina e do diesel no golfo norte-americano estiveram bastante acima dos preços domésticos (preço FOB na refinaria). Continue lendo »
cenários, demanda de combustível, expansão do refino, frota veicular, importação de diesel, modelagem
In diesel, petróleo on 04/05/2015 at 00:15
Por Niágara Rodrigues (*) e Luciano Losekann(**)
A forte expansão do consumo de combustíveis no segmento de transportes em anos recentes no Brasil (Figura 1) impõe importantes desafios para a política de segurança energética e para as contas externas brasileiras. Como a capacidade de refino não se expandiu no mesmo ritmo, a necessidade de importações é crescente, implicando no aumento da dependência externa por combustíveis. Os investimentos em novas refinarias que serviriam para contrabalançar o crescimento da demanda tardam a se concretizar e são insuficientes para garantir total autonomia no abastecimento de derivados, situação agravada pelo cancelamento dos projetos das refinarias Premium I e II.
Figura 1 – Evolução do consumo de combustíveis no Brasil – 2000 a 2013
Fonte: Elaboração com base em ANP
Em 2013, o déficit de atendimento do consumo de derivados de petróleo alcançou 20%, com destaque ao déficit em diesel e nafta, correspondendo em conjunto a 55% do total da necessidade de importações e consumo de estoques. O déficit de diesel que vinha caindo na década de 2000 voltou a crescer a partir de 2010, recuperando o patamar anterior (em torno de 17-19% da demanda), como apresentado no Figura 2. Continue lendo »
cenários, complexidade, conectividade bidirecional, conectividade unidirecional, coordenação, coordenação dinâmica, coordenação estática, desconcentração fragmentada, desconcentração integrada, Energias renováveis variáveis, estocagem, flexibilidade, flexibilidade bidimensional, flexibilidade dinâmica, flexibilidade estática, flexibilidade unidimensional, rede inteligente, térmicas despacháveis
In energia elétrica on 02/03/2015 at 00:15
Por Ronaldo Bicalho
O que marca o atual momento do setor elétrico no mundo é o profundo e radical processo de transformação tecnológica, econômica, organizacional, institucional e política que o setor está passando.
A explosão da demanda pelos serviços elétricos e a necessidade de mitigar os efeitos da mudança climática colocam o setor no centro das discussões sobre política energética.
Atender aos ditames da segurança energética e da redução das emissões de CO2, mediante a ampliação da participação das Energias Renováveis Variáveis (ERVs), constitui o maior desafio do setor elétrico desde o seu nascimento no final do século XIX.
Estas notas procuram avaliar o tamanho e a natureza desse desafio, identificando a evolução do setor a partir das diversas possibilidades de superá-lo. Continue lendo »
cenários, expansão, hidrelétricas na Amazônia, PDE 2022, planejamento energético, setor elétrico, sustentabilidade, usinas plataformas
In energia elétrica on 25/11/2013 at 00:15
Por Renato Queiroz
O planejamento energético brasileiro sob a responsabilidade do Ministério de Minas e Energia (MME) e com suporte técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) tem dois instrumentos que indicam as opções que o governo visualiza para a expansão da oferta de energia no médio e longo prazos: o Plano Nacional de Energia (PNE) cujo o primeiro documento foi apresentado em 2007 ao público em geral com metas até 2030 – segundo informações da EPE, o próximo PNE expande esse horizonte em 20 anos, ou seja, até 2050, devendo estar disponível no 1º semestre de 2014 – e o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) que representa, segundo o MME, a visão tática de médio prazo do governo para a indústria de energia no Brasil e é revisado anualmente.
O PDE 2022, foco desta postagem, abrange o período de 2013 a 2022 e acaba de ser divulgado neste mês de novembro, após o período de consulta pública.
A comunidade científica, as organizações não governamentais, as associações de classe e consultores especializados vão analisar o documento e deverão discutir, em eventos e/ou em relatórios e artigos, as suas visões sobre os caminhos que a indústria de energia no país deve perseguir nesse período, concordando e/ou discordando do PDE. Essas avaliações enriquecem o processo de prospectar o futuro da energia no país. Uma atenção, no entanto, deve ter o leitor ao se debruçar sobre essas análises, pois um plano indicativo de expansão de oferta acaba privilegiando ou postergando a participação de certas tecnologias na matriz elétrica. Como tal, os interesses das indústrias e organizações atrelados a uma determinada fonte de energia são afetados. Nesse caso, certamente, as propostas e críticas estarão coerentes com os objetivos de seus negócios ou dos de quem representam, ou seja, as opiniões podem, muitas vezes, expressar tendências. Continue lendo »
AIE, cenários, desenvolvimento, pré-sal, previsão
In petróleo on 20/05/2013 at 01:05
Por Luciano Losekann e Thiago Periard
O Brasil é um dos países que mais desenvolveram sua indústria de petróleo nas décadas recentes no mundo, e é também um dos que têm melhores perspectivas de crescimento para os próximos anos. Esse momento positivo da indústria de óleo e gás nacional teve inicio na década de 1980 com a exploração em águas profundas, que acabou culminando nas descobertas, no final da década de 2000, de grandes reservatórios na chamada camada pré-sal, que devem dar impulso para o setor no longo prazo. As reservas do pré-sal constituem a possibilidade de reversão de uma tendência histórica brasileira de importador de petróleo, já que com estas descobertas se prevê um cenário onde o país irá ter petróleo em quantidade suficiente para se tornar um exportador líquido da mercadoria. No entanto, apesar de toda a euforia criada pela descoberta do pré-sal, ainda não se tem com clareza qual o tamanho de seu impacto econômico para o Brasil.
Esse artigo procura avaliar a importância que a indústria de petróleo terá na economia brasileira no horizonte de 25 anos, utilizando as projeções da Agência Internacional de Energia (AIE) e dados de países que dependem fortemente da produção e exportação de petróleo. A análise indica que o Brasil, apesar do elevado potencial e tamanha euforia com o pré-sal, não se tornará um país dependente de petróleo e os impactos dessa atividade não serão suficientes para alterar de forma drástica a estrutura produtiva brasileira no médio e longo prazo.
A expectativa para a produção brasileira de petróleo nos cenários da AIE é bastante favorável. A produção alcança 4,4 milhões de barris diários em 2020 e 5,2 milhões em 2035, que representa um crescimento médio de 3,6% ao ano ao longo de 25 anos. Como pode ser visto no gráfico 1, o Brasil é, ainda de acordo com a Agência Internacional de Energia, o terceiro maior incremento da produção esperado para o período analisado, ficando atrás apenas do Iraque e Arábia Saudita. Entre os países não-OPEP, o Brasil ainda tem a vantagem deste aumento da oferta ser derivado da produção de petróleo convencional, em contraste com a produção canadense que deve crescer quase tanto quanto a brasileira, mas vindo sobretudo das areias betuminosas de elevado impacto ambiental. Continue lendo »
cenários, geopolítica, Iraque, OPEP, oriente médio, preço do petróleo
In gás natural, petróleo on 13/05/2013 at 00:15
Por Felipe Imperiano
O Iraque, historicamente, é um player importante na indústria mundial de petróleo. Ele foi membro fundador da OPEP e um dos primeiros a nacionalizar suas reservas, em 1961. Adicionalmente, a sua política de exportação de petróleo foi, por mais de 30 anos, elemento chave na formação do preço e oferta mundiais.
O país tem a quinta maior reserva provada de petróleo e a décima terceira de gás natural e bom potencial para novas descobertas (IEA, 2012). Especialistas estimam que, com a retomada dos investimentos, as reservas provadas iraquianas poderiam rapidamente atingir cerca de 200 bilhões de barris[i]. Só em 2011, as reservas provadas de petróleo e gás cresceram respectivamente 24,4% e 13,1% (BP, 2012). Isso marca um contraponto com as décadas de 1990 e 2000, como pode ser visto no Gráfico 1, quando as reservas provadas de petróleo e gás se mantiveram relativamente estáveis em virtude de baixos investimentos, conflitos armados e sanções econômicas.
Gráfico 1: Reservas provadas de petróleo e gás iraquianas entre 1980 e 2011
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da (BP, 2012)
Todas as reservas iraquianas são onshore. Comparado com outras regiões produtoras mundiais, a geologia iraquiana é relativamente simples e seus custos são bem inferiores, o que traz grandes economias de escala para a produção no país (IEA, 2012). O CAPEX de um projeto de desenvolvimento de um novo super campo no Iraque é entre 81% e 86% menor do que o de um campo no Pré-Sal, enquanto o OPEX pode ser até 100% inferior, por exemplo (IEA, 2012). Continue lendo »
cenários, consumo automotivo, crise do álcool, importação de gasolina, modelagem, Petrobras
In etanol, gasolina on 11/03/2013 at 00:15
Por Luciano Losekann e Gustavo Haydt
Nos últimos dois anos, a importação de gasolina se tornou uma forte preocupação de política energética e econômica no Brasil. Em 2012, foram importados 3,7 bilhões de litros de gasolina A. O dispêndio com importação foi de US$ 2,9 bilhões e 12% da gasolina A utilizada no Brasil foi importada em 2012. Esses valores não eram observados no país desde a década de 1970, quando o país era fortemente dependente de suprimento externo de energia.
A postagem “Oferta apertada de etanol e perspectivas de importação de gasolina” apontou que a importação de gasolina será muito significativa nos próximos anos se a oferta de etanol continuar restringida. Nessa postagem, serão apresentadas as projeções de importação de gasolina em diferentes cenários de oferta de etanol e de mistura de etanol anidro na gasolina. Além disso, serão estimados o dispêndio com importações e o prejuízo que pode gerar ao importador, a Petrobras, em contexto que os preços internacionais e domésticos estão descolados.
A restrição de oferta de etanol se reflete em seu preço relativo pouco competitivo com a gasolina. Consideramos três possibilidades de preço relativo de etanol: 0,70, 0,75 e 0,80, e duas possibilidades de mistura de etanol anidro, 20% e 25% (E20 e E25). Continue lendo »
abastecimento, cenários, consumo automotivo, crise do álcool, Petrobras, preços, segurança energética
In etanol, gasolina on 10/12/2012 at 01:31
Por Luciano Losekann
Nos últimos dez anos, a balança comercial brasileira de gasolina sofreu uma inversão (figura 1). Com a introdução do carro flex e quando os preços do etanol eram competitivos, o país produziu excedentes significativos de gasolina para colocação no mercado internacional até 2009. Em 2007, as exportações líquidas de gasolina alcançaram 3,7 bilhões de litros. Valor que não era observado desde o final da década de 1980, quando os automóveis a etanol eram dominantes no Brasil.
Nos últimos três anos, a situação se transformou radicalmente. O etanol pouco competitivo fez o consumo de gasolina disparar. Em 2011, foram importados 1,9 bilhões de litros de gasolina e, em 2012, as importações líquidas atingiram 2,8 bilhões de litros até o mês de outubro. Segundo nossas estimativas, 11% da gasolina consumida será importada. O Brasil não importava montantes tão significativos de gasolina desde a década de 1970. Continue lendo »
cenários, instituições, mudança climática, política energética, segurança energética, setor energético, sustentabilidade, tecnologia, transição energética
In energia on 06/08/2012 at 11:44
Por Ronaldo Bicalho
As instituições têm um papel decisivo na configuração do futuro da energia. Este texto discute o papel das políticas energéticas dos diversos Estados nacionais na evolução do cenário energético no médio (2030) e no longo (2050) prazos.
O peso das instituições
Dois fatores determinam a evolução estrutural do cenário energético: tecnologia e instituições.
Se, por um lado, as tecnologias vão definindo o horizonte de possibilidades de mediação entre as necessidades energéticas e os recursos naturais, por outro, as instituições vão enquadrando essas possibilidades; incentivando ou penalizando, sancionando ou vetando tecnologias, estratégias, empresas e países.
A evolução energética no médio e no logo prazo, vista sob a perspectiva de hoje, depende do posicionamento das instituições que regulam, em sentido amplo, o mercado energético frente a dois temas cruciais: segurança energética e mudança climática.
Esse posicionamento, na medida em que se traduza em políticas públicas, definidoras das ações dos diversos Estados Nacionais no enfrentamento desses dois problemas, irá se constituir em um dos elementos chave para a definição dos futuros possíveis da energia. Continue lendo »
cenários, China, emissão de CO2, Estados Unidos, Europa, Fukushima, IAEE, Japão, mudança climática, política energética, segurança energética, shale gas
In energia on 16/07/2012 at 00:19
Por Luciano Losekann
Nos dias 24 a 27 de junho, a 35ª edição da conferência internacional da Associação Internacional de Economia da Energia (IAEE) foi sediada em Perth na Austrália. Essa conferência é a mais importante da área de economia de energia. Os principais temas discutidos foram: as perspectivas para o gás natural resultantes da oferta não convencional, o panorama da energia nuclear no Japão pós-Fukushima e a mitigação de emissão de CO2 no setor elétrico.
A relação entre as indústrias de petróleo e gás natural foi discutida, principalmente quanto a formação de seus preços. A apresentação de Fereidun Fesaraki abordou o tema, recorrendo a seguinte ilustração: “se o petróleo é um namoro, o gás natural é um casamento”. Apesar da introdução de flexibilidade a partir da difusão do GNL e da maior importância de mercados spot, a infraestrutrura de gás exige maior comprometimento entre os envolvidos. Assim, os contratos de longo prazo ainda tendem a ser dominantes. Usualmente, contratos de GNL têm duração de quatro a dezessete anos. São os contratos longos que permitem o financiamento dos projetos, já que bancos só aceitam participar quando os contratos de compra de longo prazo são apresentados. Continue lendo »
AIE, cenários, eficiência energética, emissão de CO2, mudança climática, política energética, segurança energética, sustentabilidade, tecnologia
In energia on 02/07/2012 at 00:15
Por Jacqueline Batista Silva
Em junho foi lançada a edição 2012 do Energy Technology Perspectives (ETP), da Agência Intenacional de Energia (AIE). A publicação é apresentada como sendo a mais ambiciosa e abrangente no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias em energia. Nela, é demonstrado como tecnologias – de veículos elétricos a parques eólicos – podem contribuir significativamente para o objetivo internacionalmente acordado de limitar o aumento global da temperatura em, no máximo, 2°C sobre os níveis pré-industriais. O relatório é norteado, portanto, pelo cenário de 2°C ou 2DS (2 Degrees Scenario).
O Energy Technology Perspectives 2012 ganhou repercussão no New York Times e no The Guardian, numa época em que, a despeito dos resultados, vimos diversos países envolvidos em torno de questões ambientais na Rio+20.
O estudo disponibiliza no site a visualização do padrão de emissões e projeções de diferentes países (incluindo o Brasil) para os diferentes cenários de emissão. O gráfico que apresenta a condição do Brasil para o nível de emissões de CO2 em Gt, numa projeção para 2050, é reproduzido a seguir: Continue lendo »
cenários, crise, estratégias empresariais, meio ambiente, mudança climática, planejamento energético, segurança energética, setor energético, sustentabilidade
In energia on 12/12/2011 at 00:15
Por Renato Queiroz
Os formuladores de política energética e executivos da indústria de energia estão, certamente, nesse momento debruçados nas análises voltadas a economia da energia e a geopolítica energética na busca de um entendimeno do atual cenário mundial que os levem a implantar ações que minimizem os riscos de abastecimeno energético em seus países e em suas empresas.
Afinal o mundo atual que convoca revoluções via facebook ,twitter, pega de surpresa os estrategistas das corporações e de governos que avaliam o complexo mundo da indústria da energia. Métodos tradicionais e modelos clássicos racionais para prever desempenhos econômicos, preços de combustíveis, inserção de novas tecnologias podem trazer,nesse novo contexto,uma dose de inocência. A sofisticação é uma exigência para o entendimento do imenso leque de informações que as “ redes” nos proporcionam. A geopolítica da energia que trata das relações entre energia ,economia e políticas dos países pode aumentar o feeling dos profissionais e reduzir os riscos de suas decisões. Continue lendo »
cenários, coordenação, geração térmica, política energética, previsão, setor de gás, setor elétrico
In energia elétrica on 12/09/2011 at 00:14
Por Luciano Losekann
Em postagem anterior foram analisados os determinantes e as implicações do regime complementar de operação das termelétricas a gás natural no Brasil. Nessa postagem, será explorado um cenário de longo prazo para o papel das termelétricas a gás natural no Brasil. Para tanto, serão apresentadas as projeções da matriz de geração e do despacho de centrais termelétricas no horizonte 2030 construídas a partir de modelos desenvolvidos pelo Grupo de Economia da Energia (GEE).
Para projetar a evolução da capacidade instalada, foi considerado o balanço entre carga de eletricidade e garantia física das usinas. Partindo de um cenário de crescimento do PIB de 4,5% a.a., a análise econométrica indica que a demanda de eletricidade teria um aumento médio de 4,8% a.a.. Para compor a expansão de capacidade de geração que atenderia com segurança essa evolução do consumo[1], assumimos que as centrais incluídas no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2020 serão implementadas e utilizamos algumas hipóteses sobre as fontes de geração de eletricidade.
A hipótese central desse exercício é que a diretriz de política energética será a de privilegiar as fontes de geração renováveis e as usinas termelétricas servirão como ajuste para atender a necessidade de entrada de capacidade. Continue lendo »
cenários, preços, previsão, regulação, setor de gás, tecnologia
In gás natural on 25/07/2011 at 00:10
Por Edmar de Almeida
O desenvolvimento das tecnologias de produção do gás de xisto vem sendo apontado como uma revolução para o negócio e a economia do gás natural. Muitos agentes e o próprio governo americano acreditam que o descolamento do preço do gás natural do preço do petróleo nos Estados Unidos é um fenômeno estrutural que reflete o novo contexto tecnológico e geológico da indústria do gás natural. Existe uma percepção de que a revolução tecnológica do gás de xisto afetará não apenas a indústria do gás americana, mas também o comércio mundial de gás de forma permanente. Os que acreditam nesta mudança estrutural apontam os seguintes argumentos para sustentar esta visão:
- Os recursos existentes nos Estados Unidos de gás de xisto equivalem a 3,5 vezes o volume de todas as reservas provadas atualmente nos EUA. Além disto, a disponibilidade de recursos de gás de xisto não se restringe aos EUA. Um recente levantamento realizado pelo Departamento de Energia (DOE) apontou a existência de grandes volumes de recursos de gás de xisto em 48 bacias sedimentares em 32 países, incluindo Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai e Paraguai.
- O processo de aprendizado tecnológico dos últimos 10 anos permitiu reduzir de forma radical o custo de produção de gás de xisto. As principais inovações foram: i) redução do tempo de perfuração dos poços; ii) aprimoramento das técnicas de perfuração horizontal; iii) melhoria do conhecimento geológico de áreas produtoras; iv) desenvolvimento de tecnologias de fraturamento hidráulico e padronização de equipamentos. Estas inovações teriam reduzido os custos de produção para menos de 3 dólares por Mmbtu, nas melhores áreas produtoras. Continue lendo »
acidente nuclear, cenários, China, Fukushima, Japão, planejamento energético, política energética, segurança energética, setor energético
In energia nuclear on 11/04/2011 at 00:15
Por Renato Queiroz
O acidente na central de Fukushima Daiichi, situada a cerca de 250 km de Tóquio, e a classificação da Autoridade de Segurança Nuclear da França (ASN) de que as explosões ocorridas na planta de geração japonesa atingiram o nível 6 de gravidade, em uma escala internacional de classificação de eventos nucleares que vai até 7 [*], mexeu com os especialistas voltados às questões energéticas no mundo. O fato acrescenta um forte elemento de incerteza para a indústria nuclear mundial.
O nível seis da escala INES significa acidente grave, apontando que houve liberação de material radioativo e traz como consequência a adoção, na área atingida, de medidas que protejam a população. Isso reflete na opinião pública mundial, provocando grandes apreensões e pressões contrárias à geração de energia elétrica através dessa fonte.
Logo após o acidente, alguns especialistas, sob o impacto das trágicas notícias e imagens em tempo real, concordavam com a tese de que o renascimento da indústria nuclear estaria sendo abortado. Mas talvez a questão que tenha faltado no debate foi: Como atender sem a nuclear ao crescente consumo de energia que as sociedades vão demandar nos próximos anos sob um contexto de redução das emissões de gases de efeito estufa? Continue lendo »
cenários, planejamento energético, política energética, setor elétrico, sustentabilidade
In energia nuclear on 31/01/2011 at 00:15
Por Thaís Vilela (*)
Diante de políticas mundiais de redução das emissões de dióxido de carbono e de utilização de fontes de energia alternativas aos combustíveis fósseis, cresce, no mundo, o debate sobre a utilização do combustível nuclear para a geração de energia elétrica. Apresentada por alguns pesquisadores como solução eficiente e viável economicamente, a energia nuclear encontra forte oposição da população, sendo, na maioria das vezes, associada a programas militares e à possibilidade de acidentes. Não é possível, de fato, negar tais associações, porém não é possível negar também o avanço dos procedimentos de segurança adotados, assim como a evolução tecnológica dos reatores nucleares.
Especificamente sobre a energia nuclear no Brasil, tem-se que as usinas nucleares de Angra dos Reis operam de acordo com as Convenções Internacionais de Segurança Nuclear e de Gerenciamento Seguro de Combustível Usado e Rejeitos Radioativos, seguindo, assim, rigorosos procedimentos de controle e de qualidade ao longo de todo processo produtivo, reduzindo, dessa forma, os riscos de acidentes. São muitos os trabalhos que apresentam os custos e os benefícios da utilização do combustível nuclear para a geração de eletricidade. Contudo, no Brasil, a discussão sobre energia nuclear deve ser mais do que uma simples apresentação das vantagens e desvantagens do uso do combustível nuclear.
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cenários, estratégias empresariais, novo governo, política energética, setor de biocombustíveis, tecnologia
In biocombustíveis on 17/01/2011 at 00:12
Por Renato Queiroz
A Associação Brasileira de Estudos em Energia – AB3E – promoveu em 14 de dezembro de 2010 no Rio de Janeiro um seminário para discutir a agenda da política energética brasileira para o próximo governo. No painel específico em que se discutiu a agenda para os bicombustíveis observaram-se duas abordagens: a do representante da Petrobrás, Eduardo Correia, da área de Estratégia Competitiva que identificou uma série de incertezas críticas que influenciam fortemente o mercado de biocombustíveis, desenvolvendo inicialmente, a partir dessas incertezas, quatro cenários exploratórios e selecionando dois cenários para um horizonte nos próximos 20 anos; e a do professor José Vitor Bomtempo do Grupo de Economia da Energia que avaliou o futuro da indústria de biocombustíveis sob um enfoque estratégico com premissas que quebram os atuais paradigmas.
A presente postagem apresenta as reflexões desses especialistas e coloca questões sobre o tema que certamente estarão na mesa de discussões dos formuladores da agenda de política energética para os anos futuros.
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cenários, planejamento energético, previsão, setor energético
In energia on 01/11/2010 at 00:15
Por Renato Queiroz
O mundo contemporâneo vive sob um contexto de profundas e contínuas mudanças. Praticamente todas as atividades humanas estão submetidas à transitoriedade, entendendo esse termo como um “lugar” pelo qual se passa, mas não se permanece. As tecnologias inovadoras certamente têm grande influência nessa necessidade permanente de mutação.
As organizações que não se renovam continuamente, seja introduzindo novas tecnologias em seus produtos, seja implantando novos processos de gestão, tendem a perder mercado ou a criarem estruturas decisórias “pesadas” que não respondem aos novos estímulos que vêm do mundo exterior. A criatividade é uma característica desejável nesse ambiente inovador, pois a repetição das mesmas situações e/ou rotinas levam os profissionais a ficarem contaminados, estagnados em atitudes passivas.
Nesse quadro empresarial de inércia, o comprometimento com o trabalho diminui porque o cotidiano fica em desacordo com um ambiente externo nômade. Em suma pode-se criar um quadro de insatisfação cujos resultados desejáveis certamente não serão alcançados. Continue lendo »