Desde janeiro de 2019, o acirramento da situação política na Venezuela explicitou a complexidade de uma crise cujo escopo transcende o espaço nacional. Após a reeleição do Nicolas Maduro numa eleição presidencial questionada pela oposição política e a comunidade internacional, o parlamento venezuelano declarou a Juan Guaidó como presidente interino da República e mais de 50 países procederam a reconhecê-lo como chefe de Estado. Em seguida, esses atores começaram uma nova ronda de pressões com a orientação de propiciar uma transição política através de umas eleições com garantias nesse país.
O governo de Donald Trump, que já tinha imposto sanções individuais contra funcionários do regime chavista, e, em 2017 baniu a possibilidade do Estado venezuelano e da PDVSA renegociarem sua dívida pública ou emitir novos papeis no sistema financeiro norte-americano, finalmente tomou a determinação de proibir a importação de óleo venezuelano. De imediato, a aplicação dessas sanções serviu para levantar as teses centradas nos interesses norte-americanos sobre o petróleo venezuelano, cada vez que são analisadas as relações entre esses países.
Embora seja inegável a importância que o petróleo desempenha nas questões de segurança nacional norte-americana, as condições do contexto internacional atual, incluindo as mudanças estruturais experimentadas pelo mercado petroleiro nas últimas décadas, obrigam a rever as principais ideias que nortearam as discussões de economia política sobre o tema. Nesse sentido, as linhas seguintes serão a primeira parte da análise sobre a importância da Venezuela na geopolítica petroleira norte-americana à luz das novas realidades do mercado petroleiro e do sistema internacional. Continue lendo »