Grupo de Economia da Energia

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Diferenças estaduais do comportamento dos preços da gasolina: os casos de Rio de Janeiro e São Paulo (1)

In gasolina on 11/08/2021 at 14:34

Helder Queiroz  e Caíque Franklin Campos 

As restrições impostas pela pandemia do Covid-19 produziram impactos sobre os preços internacionais do petróleo, os preços dos derivados e também sobre a demanda de combustíveis. Não obstante a manutenção dos critérios de precificação dos combustíveis da Petrobras, com alinhamento aos preços internacionais, outros fatores como a desvalorização cambial, também produziram impactos sobre a formação dos preços domésticos dos combustíveis. 

No caso particular da gasolina, como se sabe, a estrutura de preços é composta pelo 1) preço de realização do produtor/importador da gasolina tipo A; 2) custo do etanol anidro combustível (EAC); 3) carga tributária; e 4) margens da distribuição e revenda. A fig.1 retrata a composição do preço médio da gasolina. 

Figura 1 – Composição do preço da gasolina tipo C (2)  

 
Fonte: Petrobras  

Cabe notar, no entanto, que dentre os componentes principais, destaca-se o ICMS, imposto de competência estadual, e que varia significativamente de um estado a outro. O objetivo deste texto é examinar, à luz dois casos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a magnitude dessas diferenças, com especial ênfase para os impactos observados no preço da gasolina, após o início da pandemia, em ambos os estados. 

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O Mercado de Petróleo em 2020: incerteza, volatilidade e tentativas de adaptação

In petróleo on 28/03/2020 at 11:45

Por Helder Queiroz

O ano de 2020 já pode ser considerado histórico para o mundo em função da pandemia do Coronavírus. Em todos os países, a busca por soluções para atenuar o gravíssimo problema de saúde, bem como as vias para lidar com os decorrentes problemas sociais e econômicos, pauta as agendas governamentais.

Um mercado tão crucial para a história do capitalismo, como o do petróleo, não poderia estar imune aos efeitos da recessão mundial que se desenha.

Curiosamente, a incerteza no mercado de petróleo, desde o início de 2020, já mudou algumas vezes de direção. Cabe recordar aqui, brevemente, que em 3 de janeiro a morte do general iraniano Qasem Soleimani, no Iraque, suscitou grandes preocupações acerca das tensões entre EUA e Irã. Tais tensões geopolíticas levaram, por curto período (menos de uma semana), os preços do petróleo para níveis próximos dos US$ 70 por barril. Porém, a redução nas semanas seguintes do nível de tensão, fez com que o mercado de petróleo voltasse a operar de acordo com os traços estruturais que se manifestam desde a queda do final de 2014, quando os preços abandonaram o patamar em torno dos US$ 100 por barril (gráfico 1).

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Reformas no mercado de GLP e seus riscos

In GLP on 12/11/2019 at 11:24

Por Helder Queiroz

O Governo Brasileiro tem se empenhado em sinalizar o objetivo de baratear o custo da energia, destacando os seus impactos potencialmente positivos sobre a renda das famílias e a competitividade do setor industrial.

É inegável o mérito do objetivo. Para a sua consecução, no caso da indústria de óleo e gás, a agenda de propostas envolve a busca de maior competição que seria fruto de duas grandes etapas de reformas. Por um lado, as reformas estruturais através da redução do poder de mercado da Petrobras (venda de ativos no refino, na distribuição de derivados e na infraestrutura de transporte) permitiriam a consequente e esperada entrada de um número maior de agentes econômicos. Por outro lado, as reformas regulatórias criariam um novo regime de incentivos e um novo padrão de concorrência. Estes dois movimentos de reforma não estão dissociados, e a qualidade de sua implementação terá grande influência no resultado final. Continue lendo »

Os condicionantes da política energética do setor de petróleo nas últimas décadas

In energia, petróleo on 17/04/2019 at 11:13

Por Marcelo Colomer e Helder Queiroz

marcelo042019Desde a Cúpula da Terra do Rio em 1992, as preocupações sobre o aquecimento global e suas consequências sobre as mudanças climáticas vêm norteando as políticas econômicas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Posteriormente, novos acordos (Protocolo de Kyoto em 1995, acordo de Paris em 2015 entre outros) ratificaram os compromissos assumidos pelos países partes em direção a uma trajetória de desenvolvimento sustentável, colocando os setores de energia no centro do processo de “descarbonização” da economia.

Dentro desse contexto, o termo transição energética passou a ser amplamente utilizado para referenciar o processo de mudança da matriz energética mundial em direção às fontes renováveis e de baixo teor de carbono. No entanto, quando analisamos historicamente a trajetória de desenvolvimento do setor de energia em alguns países, percebemos que o conceito de transição energética apresenta um espectro mais amplo de transformações sociais, políticas, tecnológicas e econômicas não sendo um fenômeno tão recente quanto a literatura sobre mudanças climáticas tenta passar. Continue lendo »

As transformações em curso e esperadas nos projetos de exploração e produção em águas profundas: o papel das inovações disruptivas

In petróleo on 12/09/2018 at 00:15

Por Helder Queiroz

Recentemente, o Instituto de Economia da UFRJ coordenou, em parceria com o Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o estudo intitulado Indústria 2027[1]. O objetivo da pesquisa consistiu numa avaliação dos impactos de um conjunto de novas tecnologias com alto potencial transformador sobre a competitividade da indústria nacional no horizonte 10 anos e procurou fornecer subsídios para o planejamento corporativo de empresas e para a formulação de políticas públicas em dez sistemas produtivos[2].

No caso particular do denominado Sistema Produtivo de Petróleo e Gás, o foco setorial tratou dos aspectos técnico-econômicas do segmento de Exploração e Produção em águas profundas. Este texto apresenta as principais conclusões da pesquisa para o setor de petróleo e gás natural[3].

De pronto cabe sublinhar que a atividade de exploração e produção (E&P) de petróleo tem sido orientada para novas fronteiras, com destaque para os denominados recursos não convencionais (como shale gasshale oiltight oil) –em especial na América do Norte – e para a exploração em águas profundas e ultraprofundas – em especial o pré-sal no Brasil. Isto se deve a dois fatores principais: Continue lendo »

Os princípios e as distorções da política de preços dos combustíveis

In petróleo on 30/05/2018 at 13:24

Por Helder Queiroz

helder052018Como destaca o Professor Jean-Marie Martin na primeira frase do seu livro sobre economia e política da energia: “todos os Estados nacionais, inclusive os mais ardentes defensores do liberalismo econômico, se preocupam com o abastecimento energético”[1]. No plano internacional, não faltam exemplos, em países industrializados e emergentes, que revelam que problemas ou rupturas dos fluxos de suprimento de energia costumam ter impactos econômicos e sociais graves, com repercussões significativas e negativas para as autoridades governamentais.

O estopim da crise de maio de 2018 no Brasil, deslanchada pela greve dos caminhoneiros, tem sua raiz fundamental na a ausência de diretrizes claras de política energética, bem como da falta de instrumentos de política consistentes.

De maneira esquemática, a política energética se articula em torno: i) da segurança do abastecimento de energia; e ii) do uso racional e eficiente dos recursos naturais. Para tal, os governos, de uma forma geral, dispõem de instrumentos como as políticas de tributação das fontes de energia, as políticas de preços e os subsídios e incentivos que permitem, em última instância, promover, por exemplo, o desenvolvimento de determinadas fontes de energia em detrimento de outras, consideradas mais caras e/ou mais poluentes; ou ainda orientar programas redistributivos de natureza social e/ou regional. Continue lendo »

Geopolítica e Vulnerabilidade Energética: papel do GNL para a garantia do abastecimento de gás natural na Europa

In gás natural, GNL on 24/04/2018 at 00:15

Por Helder Queiroz e Enrique Melo Quintslr (*)

helder042018Tal como já destacado em diferentes textos publicados no Blog Infopetro, os principais objetivos de política energética, estabelecidos por diferentes países, se concentram nos seguintes aspectos fortemente interdependentes: primeiro, as preocupações com a segurança de abastecimento, envolvendo a valorização de recursos energéticos nacionais (evidentemente quando há uma dotação natural de recursos) e a universalização do acesso à energia; e segundo, observa-se uma preocupação crescente com as questões inerentes à sustentabilidade ambiental, eficiência energética e novas tecnologias de produção e uso de energia (PINTO JR e alli, 2016).

No que tange à segurança de abastecimento, desde o início do século XXI, esse permanece como um fator dos mais críticos devido às constantes alterações do patamar de preços do petróleo e a persistência da instabilidade geopolítica nas regiões produtoras. Tal aspecto justifica, por um lado, a orientação de políticas apontando a necessidade da diversificação da matriz energética no longo prazo. Por outro, ele envolve escolhas políticas que definem os tipos de fontes utilizadas e as maneiras de obter essas fontes diante da instabilidade e volatilidade de preços dos mercados spot nos mercados de petróleo e, a reboque, dos mercados de gás natural, os quais experimentaram importantes mudanças estruturais decorrente do aumento da produção do shale gas nos EUA. Continue lendo »

Expansão do setor elétrico e as especificidades do subsistema norte

In energia elétrica on 27/11/2017 at 16:30

Por Helder QueirozLucas de Almeida Ribeiro (*)

helder112017A atual situação do setor elétrico brasileiro é crítica. A conjugação da crise hídrica com a crise institucional cria um contexto de incerteza com relação às novas etapas de reforma e evolução da configuração patrimonial, especialmente sobre o futuro papel da Eletrobras.

Independentemente da qualidade, por vezes, duvidosa de muitas das propostas em jogo, é importante reconhecer que nenhuma delas deveria desconsiderar o grau de complexidade técnica, operacional, regional e econômica que envolve o setor.

Neste texto, destacamos um aspecto particular que ilustra de forma exemplar a referida complexidade. O Brasil é um país de dimensões continentais, cujas regiões geográficas apresentam diferentes perfis de consumo elétrico e de regime hídrico para o setor de energia. Essa configuração impõe desafios aos planejadores do sistema para o aproveitamento elétrico inter-regiões, garantindo, simultaneamente, o suprimento firme da demanda e a modicidade tarifária necessária. Continue lendo »

Setor de energia norte-americano: avaliação da administração Obama e da agenda de política energética da administração Trump

In energia on 09/08/2017 at 00:15

Por Helder Queiroz e Julia Febraro (*)

helder072017No atual contexto de transição energética e combate às mudanças climáticas, determinados países se destacam em importância e peso das decisões de política energética. A posição de segundo maior consumidor de energia e também de segundo maior emissor de gases causadores de efeito estufa (GEE) torna os Estados Unidos cruciais nas dinâmicas energética e ambiental global.

Em especial na última década, o setor de energia norte-americano passou por grandes transformações estruturais dentre as quais destacam-se : i) aumento da produção doméstica de petróleo e gás natural, especialmente a partir dos reservatórios não convencionais (shale gas, tight oil…); ii) decorrente do ponto anterior, redução importações de petróleo bruto; iii) maior geração de eletricidade a partir de fontes renováveis como eólica e solar, e iv) fruto dos ganhos de eficiência, manutenção do patamar do consumo total de eletricidade e redução do consumo de petróleo.

Tais transformações podem ser confirmadas a partir da análise do comportamento de três indicadores. O primeiro indicador analisado é o de emissões. A partir de 2008, as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) começaram a declinar e atingiram, em 2014, um nível 8,6% inferior a 2005 e 5% inferior a 2008. A observação do gráfico a seguir deixa clara a tendência de queda iniciada em 2008 e, nota-se que, após este ano, os valores das emissões não voltaram a ultrapassar os 7.000 MMt CO2 equivalente, valor que persistiu durante toda a década de 2000 (gráfico 1). Continue lendo »

As dificuldades do acordo dos países produtores e a nova posição brasileira no mercado internacional do petróleo

In petróleo on 03/05/2017 at 00:52

Por Helder Queiroz

helder052017Desde dezembro de 2016 as atenções do mercado internacional do petróleo se voltaram para os impactos esperados do acordo que estabeleceu o compromisso de cortes de produção dos principais produtores, notadamente da OPEP, com adesão de outros países, dentre os quais o mais importante foi a Rússia.

Convém recordar que acordos desta natureza não são facilmente obtidos e são de difícil manutenção no que concerne o cumprimento dos compromissos assumidos.

Quais foram as consequências objetivas sobre os preços e estrutura de oferta desde o acordo firmado entre os produtores? Neste texto vamos apontar alguns dos principais elementos de resposta, a partir do exame do comportamento dos países da OPEP, ainda que seja cedo para identificar tendências estruturais de longo prazo[1]. Além disso, é discutida a nova e cada vez mais importante posição brasileira de exportador líquido neste mercado. Continue lendo »

Uma OPEP travada pela Estrutura de Oferta do Petróleo: o que esperar da evolução dos preços?

In petróleo on 21/11/2016 at 00:15

Por Helder Queiroz

helder112016O mercado do petróleo voltará atrair a atenção internacional neste final de ano. A esperada reunião da OPEP marcada para a última semana de novembro visa sinalizar uma ação concertada dos países exportadores com relação à decisão de controle da produção. Historicamente, o consenso no âmbito da OPEP nunca foi facilmente obtido. Dessa vez a decisão envolve outros países não-membros, em particular, a Rússia no intuito de evitar que os preços voltem a cair para os níveis observados, por exemplo, no início deste ano (Gráfico 1).

Gráfico 1- Evolução do Preço Internacional do Petróleo – 2016

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Como já foi destacado em outros textos, a queda recente de preços desde 2014 foi muito acentuada, saindo de U$$ 100 por barril , em julho de 2014, para o patamar  para cerca de US$ 25 em janeiro de 2016.

Isto representou a perda de mais de 350 mil empregos na indústria e uma redução forte dos programas exploratórios. Continue lendo »

A restruturação da Indústria Brasileira do Petróleo: sinais esperados do Governo e da Petrobras

In petróleo on 23/05/2016 at 00:15

Por Helder Queiroz

helder052016A instauração de um novo comando no Poder Executivo no Brasil se constituiu num processo traumático decorrente da dimensão das crises política, econômica e social. A estas podemos associar a grave crise setorial nas indústrias de energia no Brasil, em particular para a indústria do petróleo que esteve no centro dessas crises ao longo do último ano.

Seria ilusão imaginar que crises com essa dimensão serão resolvidos num prazo curto. Porém, os problemas atuais são graves; e a administração federal terá de demonstrar muita competência e transparência para buscar os caminhos para solucioná-los. Sem tais requisitos, os quais deverão ser cobrados pela sociedade, os riscos de agravamento dos problemas agudos de agora são consideráveis.

A reflexão proposta neste texto visa apontar os caminhos para mitigar estes riscos, destacando os aspectos de curto e longo prazo que tanto o governo quanto a Petrobras deveriam sinalizar para que seja possível atrair novos investimentos e retomar o desenvolvimento da indústria de petróleo e da cadeia de fornecedores de equipamentos e serviços. Cabe notar que, do ponto de vista dos atributos setoriais, as perspectivas são favoráveis, dados: i) o volume de recursos descobertos; ii) o domínio e a excelência tecnológica para operar em novas fronteiras de exploração tal como as águas ultra-profundas; iii) a escala de produção e do mercado e iv) a disponibilidade de recursos humanos qualificados. Continue lendo »

Preços internacionais do petróleo: principais impactos da recente queda de preços

In petróleo on 15/02/2016 at 00:15

Por Helder Queiroz

helder022016Desde o início do século XXI, o mercado internacional do petróleo tem confirmado uma de suas principais características: a dificuldade de antecipação do comportamento dos preços. Historicamente, períodos de estabilidade são raros e constituem a exceção; a volatilidade é a regra desse mercado. Várias flutuações de preços, com altas e quedas expressivas, podem ser aqui lembradas.

A virada do século foi marcada, após um longo período de baixos preços do petróleo entre 1986 e 1999, por uma trajetória ascendente, atingindo recordes históricos, em termos nominais, em 2008, ultrapassando a barreira dos US$ 140 por barril e retornando a patamares inferiores a US$ 30 por barril no início de 2016.

Não obstante a queda recente de preços ter sido muito expressiva e rápida, saindo de US$ 100 para cerca de US$ 30 em dezoito meses, este episódio é apenas um a mais a ser registrado e interpretado. De fato, a história do petróleo permanece sendo escrita pelo jogo dos fundamentos técnicos, geológicos, geopolíticos e econômicos que contribuem para explicar tais flutuações. Continue lendo »

Pré-Sal e Desenvolvimento: a contribuição do pensamento de Antonio Barros de Castro

In energia, petróleo on 27/08/2012 at 00:15

Por Helder Queiroz

Há exatamente um ano, em agosto de 2011, o Brasil perdeu um de seus mais brilhantes economistas. Antonio Barros de Castro foi um dos principais pensadores do desenvolvimento econômico. Desde então, muitos colegas já prestaram o justo reconhecimento da importância de suas reflexões, abordagens e dos textos mais significativos de sua obra.

Castro foi sempre um dos maiores incentivadores dos trabalhos do Grupo de Economia de Energia. Em particular, sempre  nos chamou atenção a sua incrível capacidade de  manejar os fundamentos macroeconômicos e microconômicos das questões de desenvolvimento econômico. Era igualmente notável sua capacidade de identificar e integrar novas abordagens teóricas, como os trabalhos neoschumpeterianos e institucionalistas, aos seus esquemas de análise. Além disso, entendia como poucos o processo de evolução das estruturas industriais. Para tal, ia sempre “a campo”, realizando entrevistas frequentes com atores do meio empresarial, formuladores de política e seus pares acadêmicos.

Castro estava sempre presente em nossos seminários e, nos últimos, nos tornamos privilegiados interlocutores com relação à importância do Pré-Sal para o desenvolvimento econômico e  social brasileiro. A troca de ideias com ele e suas indagações foram de suma importância para o amadurecimento do tema no GEE. Continue lendo »

Novos desafios para os reguladores de energia

In energia on 28/05/2012 at 00:15

Por Helder Queiroz

Um dos traços mais marcantes das mudanças estruturais e institucionais no modo de organização das indústrias energéticas, observadas desde o fim da década de 1980, foi a criação das agências reguladoras. Em todos os países que promoveram tais transformações, a criação de órgãos de regulação setorial de energia promoveu uma redefinição das fronteiras de competência e responsabilidades dentro do próprio Estado.

Cabe destacar que a multiplicação recente do número de órgãos reguladores em todos os países ampliou a variedade e a qualidade do exercício da regulação. As agências reguladoras ainda não atingiram a plena maturidade para o exercício de sua atividade e qualquer análise comparativa de suas estruturas e desempenhos pode revelar a imensa variedade de situações de um país a outro.

Desse modo, é sempre de grande utilidade confrontar as experiências de diferentes países e órgãos reguladores a fim de aprimorar a qualidade da regulação. É nessa perspectiva que se realizam, a cada três anos, os Fóruns Mundiais de Regulação de Energia. A sua quinta edição, realizada em maio de 2012, em Quebec, no Canadá, reuniu representantes de mais de 70 (setenta) países. Continue lendo »

Impactos da alta dos preços do petróleo: a acumulação de renda petrolífera nos países da OPEP

In petróleo on 02/05/2011 at 00:10

Por Helder Queiroz *

Na postagem sobre a crise política no mundo árabe e seus efeitos sobre o mercado internacional do petróleo foi destacado que a volatilidade dos preços permaneceria como resultado das fontes de incerteza. Estas estão associadas à instabilidade política nos países árabes e à necessidade de recomposição das relações geopolíticas estabelecidas entre países produtores e importadores de petróleo.

Cabe examinar, ao fim do primeiro quadrimestre do ano de 2011, algumas das consequências da permanência das condições de volatilidade e preços altos no mercado internacional do petróleo.

Três aspectos fortemente interdependentes merecem ser destacados e qualificados. Continue lendo »

A crise no mundo árabe e o preço do petróleo

In petróleo on 28/02/2011 at 00:15

Por Helder Queiroz

A  atual crise política no mundo árabe já provoca sobressaltos no mercado internacional do petróleo. Após o agravamento da crise na Líbia, país integrante da OPEP e com produção de cerca de 1,5 milhões de barris, os preços internacionais do óleo bruto subiram de forma significativa, nos últimos dias, atingindo o patamar de US$ 108 para o barril do óleo do tipo Brent.

O grau de incerteza nos mercados e a consequente volatilidade dos preços tendem a ser ampliados nos próximos dias, dado que é praticamente impossível prever quais serão as consequências políticas e econômicas da crise na Líbia, mas sobretudo sobre eventuais desdobramentos em outros países da OPEP.

Desse modo, o maior receio dos agentes que operam nesse mercado diz respeito à possibilidade de ruptura da oferta. Nessas condições de incerteza, o mercado futuro do petróleo fica ainda mais ativo, multiplicando-se significativamente o número de transações, retroalimentando a tendência de alta. Esse aspecto não é particularmente novo. Em meados de 2008, os preços atingiram o patamar de US$ 145 e recuaram para praticamente a metade desse valor no final daquele ano. Continue lendo »

Energia e o transporte automotivo: como contornar a dieselização?

In diesel, petróleo on 06/12/2010 at 00:15

Por Helder Queiroz e Juliana Rodrigues

Dia 9 de novembro passado, a Agência Internacional de Energia (AIE) divulgou seu World Energy Outlook (WEO), contendo as projeções de oferta e de demanda para o horizonte 2035. A divulgação destes cenários é sempre esperada com grande interesse por se tratar de um documento de referência internacional, mas o WEO deste ano suscitava especial interesse devido aos repetidos alertas sobre o contexto de “incertezas sem precedentes”; que já havia sido antecipado pela própria AIE.

Cabe destacar que um aspecto central do WEO 2010 é a ênfase dada à evolução do setor de transporte automotivo. Foi destacado no relatório que “a fundamental shift in transport technology is needed…”. E a direção dessa mudança diz respeito tanto ao incremento da participação dos biocombustíveis quanto ao incremento da frota de carros elétricos e híbridos.

Tal observação nos remete à discussão iniciada na postagem anterior “Energia e transporte: emissões, dependência ou mobilidade? Qual é o problema?” sobre a evolução do transporte automotivo. Como sabemos, o transporte é fortemente dependente dos derivados de petróleo. Na Europa, em particular, ao longo dos últimos vinte anos, o consumo de diesel destinado ao setor de transporte rodoviário mais que dobrou. Esse aumento pode ser explicado por duas razões: (i) forte penetração do diesel no mercado de carros de passeio e, (ii) crescimento da frota de veículos pesados (IFP 2005). Este fenômeno de dieselização da frota contribuiu para a ampliação da dependência destes países vis-à-vis aos derivados de petróleo, em particular com relação ao diesel. Continue lendo »

Energia e transporte: emissões, dependência ou mobilidade? Qual é o problema?

In energia on 18/10/2010 at 00:15

Por Helder Queiroz

Tal como mencionamos num artigo de março de 2010, as políticas energéticas em diferentes países e as estratégias das empresas de energia estão sendo progressivamente reorientadas, a fim de atingir, no longo prazo, padrões de produção e uso de energia que levem em consideração as novas condições de contorno do setor de energia. Surge como principal vetor deste processo de transição o componente tecnológico. Neste sentido, abre-se hoje um leque importante de novas possibilidades tecnológicas que envolvem novas fontes de energia e novos equipamentos. É possível citar como ilustrações exemplares dessa tendência na geração de energia elétrica com: i) o papel esperado de uma contribuição crescente de fontes renováveis; ii) a incorporação de novas tecnologias  em programas de eficiência energética e iii) as transformações esperadas no setor de transporte automotivo.

Este texto está dedicado a análise deste último ponto. Depois de décadas sem transformações significativas, o setor de transportes se encontra, hoje, no centro dos debates acerca de estratégias factíveis que permitam alterar o binômio “motores a combustão-derivados de petróleo”.  Não é por acaso que, dentre as grandes corporações internacionais se encontrem os fabricantes de automóveis e as empresas de petróleo. As vantagens inerentes deste binômio consolidaram um padrão de mobilidade do consumidor individual em torno dos automóveis com motores a combustão. O crescimento da demanda de carros de passeio e da gasolina e do diesel contribuiu, em grande medida, para o sucesso dessas corporações ao longo do século XX. Continue lendo »

A inexorável interdependência das políticas energéticas nacionais

In energia on 30/08/2010 at 00:15

Por Helder Queiroz

Dia 30 de agosto, o Grupo de Economia da Energia (GEE) e o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) promovem um debate, na sede do próprio IBP, intitulado “Política Energética: da dependência à inserção internacional”. A iniciativa visa promover uma reflexão ampla sobre tema e contará com convidados externos ao GEE.

A oportunidade de promover este tipo de reflexão vai muito além do fato de que teremos um novo governo em janeiro de 2011. O debate sobre as questões energéticas tem sido pautado, no plano internacional e nacional, sobre o futuro da produção e uso das fontes de energia, o qual não pode ser mais dissociado das políticas que visam atingir simultaneamente três objetivos: a segurança do abastecimento energético, a redução da dependência energética dos Estados nacionais e a diminuição dos impactos das mudanças climáticas provocadas por gases de efeito estufa, em especial oriundos da queima de combustíveis fósseis. Não há nada de trivial na compatibilização desses objetivos, os quais provavelmente apontam para uma crescente importância do binômio Energia-Tecnologia no processo de busca de soluções. Continue lendo »

O acidente do Golfo do México e seus desdobramentos para a Indústria Petrolífera Mundial

In petróleo on 05/07/2010 at 00:15

Por Helder Queiroz

Ao longo da última década, a indústria mundial do petróleo (IMP) foi fortemente alterada pelas mudanças observadas: i) na configuração patrimonial decorrente do grande movimento de fusões e aquisições; ii) nas condições de mercado, com mudanças nas estruturas de oferta e de demanda; e iii) nos marcos regulatórios dos principais países produtores.

Nos últimos cinco anos, em particular, foi registrada a principal transformação nas condições econômicas de contorno da IMP: a elevação dos preços internacionais que alcançaram o patamar de US$ 145 por barril, após um período longo de preços relativamente baixos (abaixo de US$ 28 no período 1986-1998).

Não obstante a forte queda registrada a partir de julho de 2008 que resultou em um novo patamar de preços em torno da faixa US$ 60-80 por barril e da redução da demanda mundial, em 2009, decorrente da retração da atividade econômica mundial, fatores de incerteza ainda permanecem com relação à expansão futura da capacidade de produção. Continue lendo »

O debate sobre os royalties petrolíferos

In petróleo on 22/03/2010 at 01:00

Por Helder Queiroz

A abundância de petróleo se constitui num fator potencial de geração de riqueza. Nos países organizados como repúblicas federativas, a questão referente à repartição e ao uso da renda petrolífera está sempre em pauta. Esse problema se torna especialmente importante devido à distribuição geográfica assimétrica desses recursos naturais dentro da federação. O resultado é que a disputa por essa renda se traduz num permanente embate político entre governos federais, estaduais/provinciais e locais. Continue lendo »

Futuro da energia e os caminhos de uma longa transição

In energia on 01/03/2010 at 00:00

Por Helder Queiroz

Ao longo da última década, o tema do desenvolvimento sustentável foi alçado ao primeiro plano das discussões e ações que envolvem empresas, instituições, governos e consumidores/cidadãos. Não obstante a multiplicação de estudos e trabalhos sobre o assunto, ainda não há um consenso sobre uma definição precisa sobre os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Isto é explicado provavelmente por eles abarcarem um sem número de dimensões e de definições. Continue lendo »